Iconicidade no Vocabulário Zoológico da Libras

Autores

  • Renato Guedes Filho Universidade Federal do Paraná
  • André Nogueira Xavier Universidade Federal do Paraná

Resumo

Signos icônicos são aqueles que apresentam relação de similaridade entre sua forma e seu significado (PERNIS; THOMPSON; VIGLIOCCO, 2010). Berlin (1992), ao estudar a não-arbitrariedade na nomenclatura biológica em Huambisa, língua falada na Amazônia Peruana, observou que os nomes de aves tendem a ter sons de frequência maior do que os nomes de peixes. O autor concluiu que tal fato se deve a uma origem onomatopaica, em alguns nomes de aves, e a associações sinestésicas relativas ao tamanho e à mobilidade de algumas aves e de peixes. Este trabalho objetivou investigar os tipos de motivações subjacentes à formação do vocabulário zoológico da Libras. Para constituição de nosso corpus, foram selecionadas todas as entradas que denotam animais do dicionário de Português-Libras elaborado por Capovilla et al. (2017). Esses sinais foram ulteriormente classificados segundo afinidade biológica de seus referentes e suas propriedades fonológicas por meio de um banco de dados criado com OpenOffice Base. Como resultado, verificou-se que os sinais referentes a vertebrados, especialmente mamíferos, apresentam uma alta incidência de sinais articulados na cabeça quando comparados a sinais referentes a invertebrados, articulados majoritariamente no espaço neutro e no antebraço.

Biografia do Autor

Renato Guedes Filho, Universidade Federal do Paraná

Bacharel e licenciado em ciências biológicas pela Universidade Federal do Paraná. E-mail: renatoguedesf@gmail.com.

André Nogueira Xavier , Universidade Federal do Paraná

Doutor em Linguística pela Universidade Estadual de Campinas e professor de linguística da Libras no curso de licenciatura em letras libras da Universidade Federal do Paraná. E-mail: andrexavier@ufpr.br.

Referências

ALMEIDA NETO, J. R.; COSTA NETO, E. M.; SILVA, P. R. R.; BARROS, R. F. M. Percepções sobre insetos em duas comunidades rurais da Serra do Passa Tempo. Spacios, v. 36, n. 11, p. 13, 2015.

ANDERSON, E. N.; PEARSALL, D.; HUNN, E.; TURNER, N. Ethnobiology. Hoboken, Wiley‐Blackwell, 2011.

BATTISON, R. Lexical Borrowing in American Sign Language. Burtonsville, Linstok Press, 2003.

BERLIN, B. Ethnobiological Classification: Principles of Categorization of Plants and Animals in Traditional Societies. Princenton, Princeton University Press, 1992.

BERLIN, B. How shall a being be called? Non-arbitrariness in ethnobiological nomenclature. In: Evolution an Human Behavior Seminar, Emory University. 8 Jan. 2004.

CAPOVILLA, F. C.; RAPHAEL, W. D.; TEMOTEO, J. G.; MARTINS, A. C. Dicionário da língua de sinais do Brasil A Libras em suas Mãos. Volume 1, 2 e 3. São Paulo, Edusp, 2017.

COSTA-NETO, E.M.; DIAS, C. V.; MELO, M. N. O conhecimento ictiológico tradicional dos pescadores da cidade de Barra, Região do Médio Rio São Francisco, Estado da Bahia, Brasil. Acta Scientiarum. v. 24, n. 2, p. 561-572, 2002.

COSTA NETO, E. M.; PACHECO, J. M. A construção do domínio etnozoológico “inseto” pelos moradores do povoado de Pedra Branca, Santa Terezinha, Bahia. Acta Scientiarum. Biological Sciences, v. 26, n. 1, p. 81-90, 2004.

CUXAC, C.; SALLANDRE, M. Iconicity and arbitrariness in French Sign Language: Highly Iconic Structures, degenerated iconicity and diagrammatic iconicity. In: PIZZUTO, E.; PIETRANDREA, P.; SIMONE, R. (Org.). Verbal and Signed Languages: Comparing Structures, Constructs and Methodologies, Berlin: Mouton de Gruyter. p. 13-33, 2007.

ETHNOLOGUE. How many languages. Disponível em: https://www.ethnologue.com/guides/how-many-languages. Acesso em: 2 ago. 2019.

FISCHER, S. D. Sign language and linguistic universals. (Working paper) La Jolla: Salk Institute, 1972.

HAYS, T. Sound symbolism, onomatopoeia, and the New Guinea frog names. Journal of Linguistic Anthropology, v. 4, n. 2, p. 153-174, 1994.

JOHNSTON, T.; SCHEMBRI, A. Australian Sign Language (Auslan): An introduction to sign language linguistics. Cambridge: Cambridge University Press, 2007.

KLIMA, E. S.; BELLUGI, U. The Signs of Language. Cambridge, Harvard University Press, 1979.

LIDDELL, S. K.; R. E. JOHNSON (1989). American Sign Language: The phonological base. In: VALLI, C.; C. LUCAS (org.). (2000). Linguistics of American Sign Language: an introduction. Washington, Clere Books/Galaudet University Press.

MARTIN, J. A linguistic comparison: two notation systems for signed languages. Stokoe notation & Sutton SignWriting. Disponível em http://www.signwriting.org/forums/linguistics/ling008.html. Acesso em 10 ago. 2019.

NEWMEYER, F. J. Iconicity and generative grammar. Language, v. 68, n. 4, p. 756-796, 1992.

PAZ, V.; BEGOSSI, A. Ethnoichthyology of Gamboa fishermen of Sepetiba Bay, Brazil. Journal of Ethnobiology, v. 16, n. 2, p. 157-168, 1996.

PERNIS, P.; THOMPSON, R. L.; VIGLIOCCO, G. Iconicity as a general property of language: Evidence from spoken and signed languages. Frontiers in psychology, v. 1, p. 227, 2010.

POUGH, F. H.; JANIS, C. M.; HEISER, J. B. A Vida dos Vertebrados. 3ª Edição. São Paulo, Atheneu Editora, 2003.

SAUSSURE, F. Curso de Linguística Geral. 27. ed. São Paulo: Cultrix, 2006.

STOKOE, W. C. Sign Language Structure: an Outline of the Visual Communication of the American Deaf. New York, Buffalo University, 1960.

TAUB, S. Iconicity and metaphor. In: PFAU, R.; STEINBACH, M.; WOLL, B. (Orgs.). Sign Language: an International Handbook. Berlin, Mouton de Gruyter, p. 388-412, 2012

ULYSSEA, M. A.; HANAZAKI, N.; LOPES, B. C. Percepção e uso dos insetos pelos moradores da comunidade do Ribeirão da Ilha, Santa Catarina, Brasil. Biotemas, v. 23, n. 3, 2010.

XAVIER, A. N. Descrição fonético-fonológica dos sinais da língua brasileira de sinais (Libras). 2006. 175 f. Dissertação (Mestrado) - Pós-Graduação em Semiótica e Linguística Geral, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006.

Downloads

Publicado

2021-01-21

Como Citar

Guedes Filho, R. ., & Xavier , A. N. . (2021). Iconicidade no Vocabulário Zoológico da Libras. Porto Das Letras, 6(6), 181–204. Recuperado de https://sistemas.uft.edu.br/periodicos/index.php/portodasletras/article/view/11438

Edição

Seção

Descrição e Análise Linguística da Língua Brasileira de Sinais