O medo sanguinário de O animal cordial
DOI:
https://doi.org/10.20873-rpv10n1-36Palavras-chave:
Cinema nacional. Classe média. Habitus de classe. O animal cordial.Resumo
O filme nacional O animal cordial (2017), dirigido e roteirizado por Gabriela Amaral Almeida, abre a possibilidade de inúmeras interpretações a respeito do Brasil e de suas problemáticas político-sociais. Dessa maneira, ao utilizar-se das teorias de Pierre Bourdieu (2017) e Jessé Souza (2018), uma discussão a respeito da classe média e seu conturbado papel social se tornou viável, na medida, em que, a partir do personagem de Inácio e sua relação com os demais personagens (Sara e Djair), determinadas condições desse setor social foram enxergadas, e assim, debatidas. Algumas questões se tornaram presentes, como a condição do medo por parte da massa da classe média (Souza, 2018), analisando ao mesmo tempo, como este medo pode ganhar grandes e irreversíveis proporções. Além de um debate, a partir do dado recorte temático, acerca do campo cinematográfico nacional, permanências, mudanças, e impasses dentro dos cenários fílmicos que vão desde o movimento Cinema Novo até à composição envolta de O animal cordial, buscando compreender quem são esses personagens retratados, protagonistas, antagonistas, coadjuvantes, seus desejos e angústias, e por quê possuem alguns resquícios de um passado nacional muito próximo do presente, utilizando como baliza, os textos de Jean-Claude Bernardet (1978) e Fernão Pessoa Ramos (2013).
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