Documentos de cultura e imagem cinematográfica
uma abordagem benjaminiana
DOI:
https://doi.org/10.20873-rpv10n1-35Palavras-chave:
Reprodutibilidade técnica, Fascismo, BenjaminResumo
Benjamin em 1940 disse “que não há documento de cultura que também não seja um documento de barbárie”. A julgar por esta afirmação, deveríamos entender este autor como um adepto do realismo. O cinema se aproximaria da história uma vez que em seus milésimos de segundo despontaria o instante revolucionário capaz de nos libertar. Além disto, ele afirmava sobre uma autêntica escrita da história, à parte da história dos vencedores, que seria inautêntica. Walter Benjamin, entretanto, desde o final da década de 1920 desenvolve o tema que poderíamos chamar de “pobreza da experiência”, assim como o “declínio da atividade de narrar”. Ambas estão entrelaçadas e dizem respeito a transformações decisivas na forma de contar histórias e realizar experiências. Parece então que a questão não é tão simples, pois uma “história autêntica” neste sentido teria mais a ver com o poder de narrar e comunicar experiências do que recolher “fatos tais como eles foram”. Quero propor uma abordagem conceitual benjaminiana sobre o cinema propondo uma potência narrativa da visibilidade: muito além de mostrar fatos, os milésimos de segundo do cinema liberam afetos, e, para tal é preciso ir ali onde a ficção e a realidade se imiscuem. Tal forma potente de narrar, pela visibilidade, seria também um antídoto à subserviência da informação, característica dos meios de comunicação atuais.
[Reprodutibilidade técnica, fascismo, Benjamin]
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