LIVROS “ENCANTADORES” POSSUÍDOS PELOS ESPÍRITO DE SATÃ:
A BIBLIOTECA DE SJ LUÍS VIEIRA DA SILVA E OS AUTOS DE DEVASSA DA INCONFIDÊNCIA MINEIRA (1789)
DOI:
https://doi.org/10.20873/uft.2763-9533/2022.2.10Palavras-chave:
Autos da Devassa; Inconfidência Mineira; Iluminismo; Jesuitismo; História PúblicaResumo
Em 1789, na Capitania de Minas Gerais um grupo de entusiastas pertencentes a elite mineira, alguns endividados, secretário do governo, ex-ouvidor da comarca, integrantes do clero e aquele que responderia pelo crime de lesa-majestade, o alferes Tiradentes, iniciaram um movimento que ficou conhecido como Inconfidência Mineira. Em 1981, Eduardo Frieiro publicou um ensaio de título “O Diabo na Livraria do Cônego” em referência aos livros da biblioteca do Cônego Luiz Vieira da Silva, que foram relatados nos Autos da Devassa da Inconfidência. Os autos de sequestro dos livros registraram uma numerosa e diversificada biblioteca para um cônego pobre – cerca de 270 obras, com cerca de 800 volumes, muitos dos quais de iluministas franceses. O melhor destino que os livros podem ter é “encantar”, “perturbar” e estimular a faculdade criadora. Desta forma, esta pesquisa objetivou proceder à parcial análise do escrutínio da biblioteca do cônego e refletir sobre: o que os intelectuais inconfidentes, de Vila Rica-MG, conheciam das ideias propostas na Encyclopédie iluminista francesa em finais do século XVIII? Para a compreensão dos caminhos da leitura e da escrita, como práticas sociais, utilizou-se o conceito de “circulação e apropriação dos textos” de Roger Chartier como referencial teórico/metodológico. Considerando a necessidade de levar ao conhecimento da sociedade elementos e personagens da sua própria História a pesquisa e a prática em ensino de História buscam renovar seus sentidos em um diálogo que possa se converter em História Pública.