Semiótica de Yagami Raito
O Percurso Gerativo em Death Note
DOI :
https://doi.org/10.20873/actasemiticaetlingvistica.v29i3.17957Mots-clés :
Semiótica Discursiva, Anime, Death Note, Modernidade líquida, Banalização do malRésumé
O relevante papel do anime na indústria do entretenimento atual (CARLOS, 2010) abre espaço para que se possa, através da análise desses gêneros, compreender os interesses e valores de uma parcela da população em um mundo globalizado. Esta pesquisa compreende a análise da primeira parte do anime Death Note (2006) sob a perspectiva da semiótica greimasiana. O intuito é verificar a construção de sentidos na composição protagonista Yagami Raito. A análise mostrou que a construção do personagem opera por oscilações de valores: movimenta-se a partir da negação do tédio e afirmação do deleite; não se classifica como herói ou vilão, mas anti-herói; e sua atuação se desdobra em temáticas englobadas pelo bem vs. mal, cuja dualidade permite a gradação de proposituras consideradas universais. Assim, o personagem concentra características da modernidade líquida (BAUMAN, 2007) sob a qual a sociedade atual se organiza: a relativização dos valores a partir da subjetividade que permite a banalização do mal (ARENDT, 2013). Death Note aponta esse processo e estabelece crítica a essas questões, propondo a recuperação da estabilidade dos valores como uma libertação de uma concepção egocêntrica de mundo.
Références
ARENDT, H. Eichmann em Jerusalém: um relato sobre a banalidade do mal. Trad. José Rubens Siqueira. São Paulo: Companhia das letras, 2013.
BARROS, D. L. P. Teoria semiótica do texto. São Paulo: Ática, 1997.
BARROS, D. L. P. Teoria do discurso: Fundamentos semióticos. 3 ed. São Paulo: Humanita / FLLCH/ USP, 2001.
BAUMAN, Z. Globalização: as conseqüências humanas. Trad. Marcus Penchel. Rio de Janeiro: Zahar, 1999.
BAUMAN, Z. Tempos líquidos. Trad. Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Zahar, 2007.
CARLOS, G. S. Identidade(s) no consumo da cultura pop japonesa. Lumina, v. 4, n, 2, p. 1-12, 2010. Disponível em: https://periodicos.ufjf.br/index.php/lumina/article/view/20931. Acesso em: 04 out. 2023.
COSTA, E. F. M.G. et. al. Os impactos da expansão da indústria de animação japonesa no Brasil. Coordenadoria de Estudos da Ásia (CEÁSIA), 2021. Disponível em: https://ceasiaufpe.com.br/?p=2396. Acesso em: 04 out. 2023.
CORINGA. Título original: Joker. Direção: Todd Phillips. Produção: Village Roadshow Pictures. Estados Unidos: Warner Bros, 2019. 1 DVD.
DEATH NOTE. Título original: Desu nôto. Dir. Tetsurõ Araki. Japón: MadHouse / D. N. Dream Partners / NTV / Shueisa / Video Audio Project, 2006.
FIORIN, J. L. Elementos de análise do discurso. 15. ed. São Paulo: Contexto, 2018.
GHIRALDELLI, P. R.; SOARES, T. B. Semiótica de Yagami Raito: o percurso gerativo de sentido em Death Note. In: PAIVA, F. J O; SILVA, E. D. (orgs.). Estudos da Linguagem: interfaces na linguística, semiótica e literatura em perspectiva. Volume 2. São Carlos: Pedro & João Editores, 2021. p. 10-38.
GONÇALVES, D. Kino no Tabi – Relativismo Cultural: Descritivo, Normativo e Epistemológico. É só um desenho, 2014. Disponível em: https://esoumdesenho.wordpress.com/2014/09/01/kino-no-tabi-relativismo-cultural-descritivo-normativo-e-epistemologico/. Acesso em: 11 out. 2023.
HJELMSLEV, L. Prolegômenos a uma teoria da linguagem. 2. ed. São Paulo: Editora Perspectiva, 2003.
MAINGUENEAU, D. Análise de textos de comunicação. Trad. Cecília P. de Souza e Silva e Décio Rocha. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2004.
MALÉVOLA. Título original: Maleficent. Direção: Robert Stromberg. Roteiro: Linda Wolverton e Paul Dini. Estados Unidos: Walt Disney; Buena Vista Estúdios, 2014.
NIETZSCHE, F. Genealogia da moral: uma polêmica. Trad., notas e posfácio Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
SCHMALTZ NETO, G. F. Paixões e traços míticos no discurso do animê: uma análise em Death Note. Dissertação de mestrado. Faculdade de Letras e Linguística da Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2013. Disponível em: http://repositorio.bc.ufg.br/tede/handle/tede/5279. Acesso em 13 out. 2023.
SVENDSEN, L. Filosofia do tédio. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2006.
SOARES, T. B. A Semiótica do herói: a conflagração do caminho ascendente de Son Goku. Porto das Letras, v. 06, n. especial, p. 113-128, 2020. Disponível em: https://sistemas.uft.edu.br/periodicos/index.php/portodasletras/article/view/9955. Acesso em: 05 out. 2023.
SOARES, T. B. A Semiótica do amigo: Uma análise da composição do companheirismo de Kuririn, em Dragon Ball Z. Rev. Tabuleiro de Letras, v. 15, n. 01, p. 29-43, jan./jun. 2021. Disponível em: https://itacarezinho.uneb.br/index.php/tabuleirodeletras/article/view/10657/8174. Acesso em: 05 out. 2023.