ARRANJOS DA SEMIÓTICA ESPACIAL NO OBJETO LITERÁRIO POEMÓBILES
DOI:
https://doi.org/10.20873/asel.v33i2.22106Palavras-chave:
Poemóbiles, poesia concreta, semiótica espacial, semiótica plástica, espacialidadeResumo
Ao longo do tempo, criadores de diferentes campos têm explorado a forma do livro como recurso estético, promovendo experimentações com sua espacialidade e materialidade. A recente reedição de Poemóbiles, de Augusto de Campos e Julio Plaza, oferece uma oportunidade privilegiada para investigar o papel da espacialidade nos processos de produção de sentido dos objetos literários. Lançada originalmente nos anos 1970, essa publicação é uma espécie de escultura poética manuseável, reunindo uma dúzia de poemas em formato pop-up, em que elementos gráficos ganham movimento e tridimensionalidade por meio de cortes e dobras. A nova edição preserva o projeto gráfico original, convidando-nos a reler esta obra à luz das reflexões atuais da semiótica discursiva e de seus desdobramentos na semiótica plástica, na semiótica do espaço e nos estudos sociossemióticos dos objetos e interações. A questão central é: que papel cumpre a semiótica espacial nos processos de produção de sentido de Poemóbiles? A sistematização de certas categorias espaciais recorrentes ao longo do volume, como aberto versus fechado, expandido versus comprimido e volume versus superfície, revela a estreita articulação entre a materialidade tridimensional do objeto literário, o gesto cinético do leitor e os processos de produção de sentido da obra. Em Poemóbiles, a configuração espacial expansiva dos poemas, construída pela técnica de cortes e vincos, vincula-se diretamente à noção central de liberdade criativa, que constitui uma isotopia semântica ao longo da leitura.
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