A SEMIÓTICA DA ENTONAÇÃO
A VOZ ENTRE POETAS E CANCIONISTAS
DOI:
https://doi.org/10.20873/asel.v33i2.22395Palavras-chave:
Entonação; Prosódia; Poesia e CançãoResumo
O artigo propõe um modelo semiótico para analisar as relações entre a poesia e a canção, identificando a entonação, ou prosódia, como o fundamento linguístico comum a ambas. Inicialmente, classificamos a poesia em quatro regimes de engenharia baseados na oposição entre continuidade (fluxo) e descontinuidade (segmentação): o poeta linguista, como Augusto de Campos, que segmenta a linguagem; o poeta visionário, como Roberto Piva, que foca no fluxo discursivo e semântico; o poeta conversador, como Ferreira Gullar, que se aproxima da fala coloquial e o poeta arquiteto, como Glauco Mattoso, que nega o fluxo livre por meio de métricas rígidas. Em seguida, abordamos a semiótica da canção de Luiz Tatit, que defende que a canção se origina da maximização da prosódia da fala, onde a melodia intensifica a curva entoativa e o ritmo intensifica a acentuação tônica. Nossa proposta é a união desses conceitos num modelo tensivo que cruza os eixos da intensidade (acentuação) e da extensidade (curva entoativa), posicionando a fala coloquial como base neutra, a canção como uma correlação conversa e os diferentes regimes poéticos como uma correlação inversa.
Referências
FONTANILLE, J.; ZILBERBERG, C. Tensão e significação. São Paulo: Humanitas, 2001.
PIETROFORTE, A. V.O discurso da poesia concreta – uma abordagem semiótica. São Paulo: Annablume, 2011.
TATIT, L. O cancionista – composições de canções no Brasil. São Paulo: Edusp, 1996.