EDUCAÇÃO INCLUSIVA X EDUCAÇÃO BILÍNGUE
UMA ANÁLISE DAS RELAÇÕES DE SABER E PODER NA PERSPECTIVA FOUCAULTIANA
DOI:
https://doi.org/10.20873/actasemiticaetlingvistica.v31i2.20401Palavras-chave:
relações de poder, estudos discursivos com Michel FoucaultResumo
O presente trabalho tem como objetivo analisar as estratégias discursivas presentes no discurso educacional da inclusão sobre o sujeito surdo, problematizando, sobretudo, as condições históricas que possibilitaram a emergência de tais enunciados em articulação com os jogos de saber e poder. Pretendemos mostrar também como o discurso educacional bilíngue emerge reconfigurando a posição sujeito dos surdos enquanto protagonistas de sua própria história. Destaco a existência de distintos discursos sobre a educação de surdos, como por exemplo, propostas de organização e distribuição dos sujeitos surdos em tempos e espaços escolares na atualidade. Assim, esta pesquisa se fundamenta no escopo dos estudos discursivos foucaultiano, na perspectiva arqueogenealógica. Para a constituição do arquivo deste estudo, delimitamos a coleta do corpus através de recortes enunciativos produzidos em vídeo em uma Audiência Pública no Senado Federal, do canal Feneis no Youtube, de um lado uma professora surda defende a proposta do ensino bilingue e de outro uma professora ouvinte que defende a educação inclusiva. Os resultados obtidos demonstram que a educação bilíngue é considerada pelos surdos como a mais adequada no desenvolvimento e na aquisição da língua de sinais. Além disso, podemos observar nas análises como as relações de poder se cristalizam e estão intrinsicamente relacionadas com um determinado saber enquanto dispositivo de controle sobre os corpos dos sujeitos surdos, sejam eles o saber médico ou o saber educacional, sobretudo as propostas inclusivistas que retomam a ideia do oralismo e tentam “normalizar” os surdos na tentativa de corrigir o incorrigível. Entretanto, com o reconhecimento da Libras enquanto língua em 2002, os surdos assumiram um lugar de empoderamento e agora reconfiguram suas posições-sujeito na sociedade.
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