O PRONOME CONOSCO NA FALA DOS PERNAMBUCANOS
UMA ANÁLISE GEOSSOCIOLINGUÍSTICA
Résumé
Estudos acerca dos pronomes oblíquos ainda são reduzidos, sobretudo, no que tange à forma como eles se distribuem social e espacialmente nos estados brasileiros, ao passo que discussões acerca dos condicionamentos por meio dos quais ocorre a variação entre nós e a gente parecem ser ordinárias. Neste artigo, então, prioriza-se a variação do pronome usado para responder à indagação do Questionário Morfossintático 019: ‘se nós dois estamos tomando café e queremos mais uma pessoa na mesa, dizemos que essa pessoa venha tomar café...’ Para tanto, recorreu-se aos estudos de Almeida (1982), Coutinho (1974) e Pinho (2010) que discutiram sincrônica e diacronicamente os pronomes oblíquos tônicos precedidos pela preposição com para que se tivesse o respaldo teórico apropriado ao estudo aqui proposto e, assim, dialogar as perspectivas variacionistas com as questões tipológicas. O corpus de análise partiu das variantes conosco, com nós, com a gente, mais nós, mais a gente e nós três, registradas na carta morfossintática 04 do Atlas Linguístico de Pernambuco (ALiPE), construído por Sá (2013). A partir de um exame à luz das dimensões diatópica e diastrática, foi possível constatar a predominância de variantes inovadoras em detrimento da variante conservadora conosco que obteve um número limitado de ocorrências no estado.
Références
ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Gramática latina. 18. ed. São Paulo: Saraiva, 1982.
CAMARA JR., Joaquim Mattoso. História e estrutura da língua portuguesa. 3. ed. Rio de Janeiro: Padrão, 1979.
CAMÕES, Luiz de. Os Lusiadas. Tomo 1. Porto: Companhia portuguesa, 1916.
CARDOSO, Suzana Alice Marcelino da Silva et al. Atlas Linguístico do Brasil: cartas linguísticas 1. Londrina: Eduel, 2014.
CARDOSO, Suzana Alice. Geolinguística: tradição e modernidade. São Paulo: Parábola, 2010.
CHAMBERS, J. K. Sociolinguistic Theory. Oxford: Blackwell, 1995
COUTINHO, Ismael da Lima. Pontos de gramática histórica. 6. ed. Rio de Janeiro: Acadêmica, 1974.
LABOV, William. Sociolinguistic Patterns. Philadelphia: University of Pennsylvania Press, 1972.
LOPES, Célia Regina dos Santos. A gramaticalização de a gente em português em tempo real e de longa duração: retenção e mudança na especificação de traços intrínsecos. Fórum Linguístico, v. 4, n. 1. 2007. p. 47-80.
NUNES, José Joaquim. Compêndio de gramática histórica portuguesa: fonética e morfologia. 8 ed. Lisboa: Livraria Clássica, 1975 [1909].
PINHO, Antonio José de. Aspectos da história da língua: Um estudo diacrônico e sincrônico dos pronomes oblíquos tônicos. Dissertação de Mestrado (Linguística). Florianópolis: USFC, 2012.
PINHO, Antônio; CARDOSO, José de Bruno. Considerações sobre a história do pronome conosco Working Papers em Linguística n.1.: 55-69, Florianópolis, 2010.
RADTKE, Edgar; THUN, Harald. Novos caminhos da geolingüística românica: um balanço. In: Cadernos de tradução, nº 05. Porto Alegre: UFRGS, 1999
SÁ, E. J. de. Atlas Linguístico de Pernambuco. Tese de Doutorado. João Pessoa: UFPB, 2013.
SANKOFF, David; TAGLIAMONTE, Sali; SMITH, Eric. Goldvarb X: a variable rule application for Macintosh and Windows.2005. Disponível em: http://individual.utoronto.ca/tagliamonte/goldvarb.html. Acesso em 03/06/2022.
Téléchargements
Publié-e
Comment citer
Numéro
Rubrique
Licence
Os autores concordam com os termos da Declaração de Direito Autoral, que se aplicará a esta submissão caso seja publicada nesta revista (comentários ao editor podem ser incluídos a seguir).