A LITERATURA, OS LUGARES, OS AFETOS: NOTAS DE VIAGENS DE JOÃO GUIMARÃES ROSA E MÁRIO PALMÉRIO

Resumen

Autores que movimentaram a cena literária em 1956 com a publicação de livros como Grande sertão: veredas e Vila dos Confins, João Guimarães Rosa e Mário Palmério são viajantes que dedicaram algumas notas não somente ao sertão mineiro como também ao território amazônico. A breve passagem de Guimarães Rosa por Manaus e a longa estadia de Palmério na Amazônia são motivo deste artigo pelo qual ensaio revisitar algumas notas registradas por ambos em rascunhos e diários de maneira a tecer algumas reflexões sobre a composição e o inacabamento dos textos. É, especialmente, em relação ao inacabamento dos registros de viagens que arrisco, nas páginas a seguir, uma leitura que aproxima a vivência prática e afetiva dos escritores na Amazônia do desafio descolonial proposto por Walter Mignolo, o desafio da desobediência epistêmica enquanto via para a desarticulação de paradigmas de base colonial. Neste exercício de leitura, são igualmente válidas as contribuições teóricas de Eneida Maria de Souza em texto dedicado ao tema das viagens realizadas por Mário de Andrade ao Norte e Nordeste do Brasil na década de 1920, viagens que são interessante porta de entrada para as realizadas pelos escritores mineiros.