DESLOCAMENTOS POSSÍVEIS NO DISCURSO PEDAGÓGICO METÁLICO EM ENSINO REMOTO NA EJA
Resumen
O presente artigo visa relatar os possíveis deslocamentos discursivos ocorridos em práticas de estágio docente, durante o ensino remoto emergencial mediado pelas Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC), em uma turma da Educação de Jovens e Adultos de um Centro de Educação de Trabalhadores, no Rio Grande do Sul, no ano de 2021, período marcado pela pandemia mundial de Covid 19. Trata-se de pesquisa qualitativa exploratório-descritiva, conduzida por orientações da pesquisa-ação educacional, sendo que os dados produzidos foram considerados à luz dos referenciais teóricos da Análise do Discurso originária de Michel Pêcheux. Objetivando refletir sobre os possíveis deslocamentos do discurso pedagógico no ambiente mediado pelas TDIC, denominado discurso pedagógico metálico, o corpus analítico da referida pesquisa se constituiu por recortes de fragmentos de fala extraídos de sequências didáticas que representam a interação professor-estagiário e estudantes, realizada no ambiente remoto, em atividade síncrona. Dos resultados, destacam-se o desenvolvimento do processo reflexivo na ação e sobre a ação como instância formativa do professor-estagiário e os deslocamentos enunciativos efetivados pelos participantes da interação. Assim, pode-se afirmar que os sujeitos da pesquisa ocuparam lugares de dizer e posições enunciativas representadas nos recortes, que os inscreveram no discurso pedagógico e os incluíram, ora passivamente, ora ativamente, às tecnologias digitais, diante de um ambiente virtual de aprendizagem e ensino, que é agenciado, percebendo-se, então, mobilizações que trouxeram à tona possíveis efeitos de sentidos acerca daquilo que se denomina discurso pedagógico metálico e se evidencia no estudo realizado.
Citas
ACHARD, P. Memória e produção discursiva do sentido. In: ACHARD, P. et al. (Org.) Papel da memória. Tradução e introdução José Horta Nunes. Campinas: Pontes, 1999.
A LISTA. Osvaldo Montenegro Oficial, 2014. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=LiWXw65RWw0 . Acesso em: 24 mar. 2022.
AUTHIER-REVUZ, J. Heterogeneidade enunciativa. Cadernos de estudos linguísticos, 19. Campinas: IEL, 1990.
BEHAR, P. A. O Ensino Remoto Emergencial e a Educação a Distância. UFRGS, 2020. Disponível em: https://www.ufrgs.br/coronavirus/base/artigo-o-ensinoremoto-emergencial-e-a-educacao-a-distancia/ . Acesso em: 12 mar. 2022.
BRASIL. Constituição da Republica Federativa do Brasil de 1988. Brasília: Casa Civil. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm Acesso em: 13 mar. 2022.
BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm . Acesso em: 13 mar. 2022.
BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Decreto nº 9.057 de 25 de maio de 2017. Regulamenta o art. 80 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: https://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/20238603/do1-2017-05-26-decreto-n-9-057-de-25-de-maio-de-2017-20238503 . Acesso em: 13 mar. 2022.
BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Decreto nº 9.235 de 15 de dezembro de 2017. Dispõe sobre o exercício das funções de regulação, supervisão e avaliação das instituições de educação superior e dos cursos superiores de graduação e de pós-graduação no sistema federal de ensino. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/decreto/D9235.htm . Acesso em: 14 mar. 2022.
BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Lei nº. 13.243, de 11 de janeiro de 2016. Dispõe sobre estímulos ao desenvolvimento científico, à pesquisa, à capacitação científica e tecnológica . Brasília: DF, [2016].Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/lei/l13243.htm . Acesso em: 14 mar. 2022.
BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Portaria nº 2.117, de 06 de dezembro de 2019. Dispõe sobre a oferta de carga horária na modalidade de Ensino a Distância - EaD em cursos de graduação presenciais ofertados por Instituições de Educação Superior - IES pertencentes ao Sistema Federal de Ensino. Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-2.117-de-6-de-dezembro-de-2019-232670913 . Acesso em: 14 mar. 2022.
BRASIL. Presidência da República. Lei nº. 14.040, de 18 de agosto de 2020. Estabelece normas educacionais excepcionais a serem adotadas durante o estado de calamidade pública e altera a Lei nº 11.947, de 16 de junho de 2009. Brasília: DF, [2020]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2020/lei/L14040.htm . Acesso em: 15 mar. 2022.
BUZATO, M. K. Letramentos digitais e formação de professores. In: III
Congresso Ibero-Americano EducaRede, 2006, São Paulo. Anais do III Congresso Ibero-
Americano EducaRede. São Paulo: CENPEC, p. 1-7, 2006.
CORACINI, M. J. R. F. A aula de línguas e as formas de silenciamento. In: CORACINI, Maria José (org.). O jogo discursivo na aula de leitura. Língua materna e língua estrangeira. Campinas: Pontes, 1995.
DOTTA, S. Uso Da Webconferência Em Ead. Santo André, 2009.
FIORIN, J. L. Introdução ao pensamento de Bakhtin. 2ª ed. São Paulo: Contexto, 2016.
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. 1. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
FREIRE, P. Pedagogia da Esperança: um reencontro com a Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 16ª ed. 2009.
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
GIL, A. C. Como elaborar Projetos de Pesquisa. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
JAKOBSON, R. Linguística e comunicação. Tradução de Izidoro Blikstein e José Paulo Paes. 22ª ed. São Paulo: Cultrix, 2010.
LEITA, S. A. S., COLOMBO, F. A. A voz do sujeito como fonte primária na pesquisa qualitativa: a autoscopia e as entrevistas recorrentes. In: S. G. Pimenta, E. Ghedin, & M. A. R. S. Franco (Orgs.), Pesquisa em Educação: alternativas investigativas com objetos complexos (pp. 117-136). São Paulo: Edições Loyola. 2006.
LOUBACK, G. Minicontos. 2018. Disponível em: https://minicontos.me/a-mem%C3%B3ria-6249c80aaafc . Acesso em: 12 mar. 2022.
MACLUHAN, M. Os meios de comunicação com extensões do homem. Tradução de Décio Pignatari. São Paulo: Editora Cultrix, 1964.
MAINGUENEAU, D. Cenas da enunciação. Organizado por Sírio Possenti e Maria Cecília Pérez de Souza-e-Silva e tradução de Sírio Possenti. Curitiba: Criar, 2006.
MAINGUENEAU, D. Variações sobre o ethos. Trad. Marcos Marcionilo. São Paulo: Parábola, 2020.
MARCUSCHI, L. A. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: DIONÍSIO, Ângela P.; MACHADO, Anna Rachel; BEZERRA, M. Auxiliadora (orgs.). Gêneros textuais e ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002.
MORAN, J. M. O vídeo na sala de aula. Revista Comunicação & Educação. São Paulo: ECA-Ed. Moderna, 1995.
MUTTI, R. M. V.; AXT, M. Para uma posição enunciativa no discurso pedagógico mediado por ambientes virtuais de aprendizagem. Interface-Comunicação, Saúde, Educação, v. 12, p. 347-361, 2008.
NÓVOA, A. Formação de professores e trabalho pedagógico. Lisboa: Educa, 2002.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. (OMS). OMS afirma que COVID-19 é agora caracterizada como pandemia. 2020. Disponível em: https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=6120:oms-afirma-que-covid-19-e-agora-caracterizada-como-pandemia&Itemid=812 . Acesso em: 11 mar. 2022.
ORLANDI, E. P. A linguagem e seu funcionamento: as formas do discurso. 4. ed. Campinas: Pontes, 2006.
ORLANDI, E.P. Análise do discurso: princípios e procedimentos. 12. ed. Campinas (SP): Pontes Editores; 2015.
ORLANDI, E. P. Discurso e Texto – Formulação e circulação dos sentidos. Campinas, SP: Pontes. 2. Ed., 2005.
ORLANDI, E. P. Educação e sociedade: o discurso pedagógico entre o conhecimento e a informação. Revista latinoamericana de estudios del discurso, v. 16, n. 2, p. 68-80, 2017.
ORLANDI, E.P. Sentidos em fuga: efeitos da polissemia e do silêncio. In: Sujeito, Sociedade, Sentidos. Guilherme Carroza. Mirian dos Santos e Telma Domingues da Silva (Orgs), Campinas: RG, 2009.
PÊCHEUX, M. Análise automática do discurso. In: ORLANDI, E. Por uma análise automática do discurso: uma introdução à obra de Michel Pêcheux. Campinas: Editora da Unicamp, 1996.
PÊCHEUX, M. Ler o Arquivo Hoje. In: ORLANDI, E. (Org.) Gestos de Leitura. Campinas: Unicamp, 1997.
PORTO ALEGRE, Parecer CME/PoA n.º 021, 2017, p. 3. http://lproweb.procempa.com.br/pmpa/prefpoa/smed/usu_doc/parecer_021_2017_cmet.pdf . Acesso em: 11 mar. 2022.
RIO GRANDE DO SUL. Decreto nº 55. 465, de 05 de setembro de 2020. Estabelece as normas aplicáveis às instituições e estabelecimentos de ensino situados no território do Estado do Rio Grande do Sul, conforme as medidas de prevenção e de enfrentamento à epidemia causada pelo novo Coronavírus (Covid-19) e dá outras providências. Porto Alegre: 05 set. 2020. Disponível em: https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=401060 . Acesso em: 11 mar. 2022.
ROJO, R. Multileramentos na escola. São Paulo: Parábola Editorial, 2012.
SARMENTO, T.; ROCHA, S. A.; PANIAGO R. N. Estágio curricular: o movimento de construção identitária docente em narrativas de formação. Revista Práxis Educacional, Vitória da Conquista - Bahia - Brasil, v. 14, n. 30, p. 152-177, out./dez. 2018. Disponível em: http://periodicos2.uesb.br/index.php/praxis/article/view/4365/3493 . Acesso em: 11 mar. 2022.
SOUZA, M. C. Direito Educacional. São Paulo: Verbatim, 2010.
TEXTO EM MOVIMENTO. A carta - Interpretação 8º/9ºano -Luis Fernando Veríssimo.
Disponível em: http://textoemmovimento.blogspot.com/2014/08/a-carta-luis-fernando-verissimo.html .Acesso em: 24 mar. 2022.
THIOLLENT, M. Metodologia da pesquisa-ação. 18. ed. São Paulo: Cortez, 2011.
TRIPP, D. Pesquisa-ação: uma introdução metodológica. Educação e pesquisa, v. 31, n. 3, p. 443-466, 2005.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Os autores concordam com os termos da Declaração de Direito Autoral, que se aplicará a esta submissão caso seja publicada nesta revista (comentários ao editor podem ser incluídos a seguir).