FRÁGIL... QUEM?
O CORPO E A MULHERIDADE NA CAPOEIRA
Abstract
Este trabalho tem como interesse analisar os discursos de abordagem biomédica como parte da justificativa que restringe o acesso das mulheres às posições de maior autoridade e prestígio na capoeira. Diante do pressuposto de uma corporalidade feminina considerada mais “frágil” em relação aos homens, busco compreender os efeitos desses enunciados para a prática das mulheres, os quais têm implicações sobre os sentidos relativos à habilidade no jogo e à eficácia na luta. Os discursos naturalizados sobre a capoeira exteriorizam uma ambiguidade: se, por um lado, estão os enunciados de uma diferença no desempenho físico entre os sexos biológicos, por outro, um dos princípios aceitos como fundamento desta luta é de que a malícia valeria mais do que a força física. Situo a análise a partir da discussão de sexo e de gênero, e defendo a leitura da capoeira considerando a sua historicidade para entender os seus desdobramentos no tempo e nos espaços. Concluo que a naturalização da perspectiva biológica atua na criação e na manutenção dos estereótipos femininos e das relações de poder, bem como favorece ao cenário em que a capoeira é vinculada a um universo masculino, onde majoritariamente são os homens que ocupam as posições de destaque. Porém, entendo que, para questionar os princípios dessa lógica moderna e ocidental, baseada em uma sociedade patriarcal e machista, é relevante recordar o vínculo da capoeira com a sua herança afro-brasileira e com sua história de luta e resistência.
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