“Eu sou aquela que chora”, ou o envelhecimento de Elizabeth Costello, de JM Coetzee
Abstract
As mudanças trazidas pela medicina, tecnologias e outras áreas do conhecimento deram origem ao que a Organização das Nações Unidas (ONU) (UNITED NATIONS, 2019) chamou de “revolução da longevidade” – a chegada do ser humano a uma segunda fase do envelhecimento, aquela dos muito-velhos, ou velhos-velhos. Apesar da grande população de sujeitos muito-velhos em nossa sociedade, estes pouco ou nada são representados na literatura ou nas artes, em especial quando se trata das perdas e ganhos na vida dessa parcela da população. Uma exceção é Elizabeth Costello, personagem criada por JM Coetzee, autor sul-africano radicado na Austrália. Ela surge já idosa e sua trajetória de jovem-velha para velha-velha é acompanhada em diversos contos do escritor. Neste artigo, trataremos das definições atuais de cada fase do envelhecimento e analisaremos a trajetória de Costello, bem como a maneira como sua representação foge às políticas sociais demandadas pelos especialistas em envelhecimento.
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