O EU NEGRO FOI SILENCIADO; O OUTRO NEGRO SÓ SABER DIZER SIM
O IMAGINÁRIO PORTUGUÊS EM CALEMA: ROMANCE AFRICANO
Abstract
O presente trabalho apresenta uma leitura do romance Calema: romance africano com o objetivo de comprovar que a obra se insere: nas ações diretivas do plano português denominado Ação Psicossocial, nas ideias de mística imperial portuguesa e de lusotropicalismo. A partir da leitura da obra, foi identificado que desde o subtítulo, “romance africano”, há um processo de silenciamento dos africanos, visto que o romance é, na verdade, de autoria portuguesa, protagonizado por portugueses e permeado de discursos racistas. A conclusão é que o silenciamento se estende por toda a obra. Na primeira parte, há um eu negro que compõe a identidade da protagonista, mas é eliminado quando ela atinge a fase adulta. Já na segunda parte, há uma projeção do eu negro para o outro negro, representado pelos negros de Angola, os quais são infantis e dizem “sim” repetidamente. Concluiu-se, também, que o romance contribui para a perpetuação de um estereótipo negro baseado no imaginário branco.
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