As doenças infectocontagiosas nos romances de Machado de Assis
Palavras-chave:
Palavras-chave: Machado de Assis; romances; doenças infectocontagiosas; teoria da narrativaResumo
O escritor brasileiro Machado de Assis refere-se explicitamente a sete doenças infectocontagiosas em sua obra romanesca, às quais se vinculam as mortes, o padecimento ou o destino de determinadas personagens. Isso acontece nos romances A mão e a luva (1874), Memórias póstumas de Brás Cubas (1880), Dom Casmurro (1899) e Esaú e Jacó (1904), ao empregar o cólera-morbo, a bexiga (varíola), a tísica (tuberculose), a febre amarela, a lepra, a febre tifoide e o tifo na construção da narrativa. Pode-se pensar inicialmente, recorrendo ao teórico francês Roland Barthes, no papel do informante em relação ao procedimento de Machado. A alusão à doença “serve para dar autenticidade à realidade do referente, para enraizar a ficção no real: é um operador realista” (BARTHES et al., 2011), tanto em termos de situar a ação em espaço e tempo determinados, como de definir o perfil das personagens. O grande escritor carioca, entretanto, vai muito além de meramente fixar sua ficção no real quando lança mão do recurso. Neste artigo, objetiva-se demonstrar que o operador realista faz parte da lógica dos romances machadianos, e, como ensina o teórico brasileiro Antonio Candido (1968), auxilia na constituição de enredos e personagens verossímeis e, por isso, inesquecíveis. Os dados presentes nos textos que buscam evidenciar as principais ocorrências epidêmicas no Rio de Janeiro do período 1835-1889 (PIMENTA; BARBOSA; KODAMA, 2015) e mapear a cronologia dessas epidemias no século XIX (MARCÍLIO, 1993) são utilizados como amparo histórico para a discussão proposta.
Referências
________. Todos os romances e contos consagrados: volume 2 / Machado de Assis. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2016b.
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ROSENFELD, A. O teatro épico. São Paulo: Buriti, 1965.
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