DISCURSIVIDADES SOBRE A ESCOLA NO ÂMBITO DA PRISÃO: DAS ENUNCIAÇÕES DOS SUJEITOS ENVOLVIDOS

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Resumo

O presente artigp problematiza as discursivizações instauradas pelos agentes penitenciários, alunos (re)educandos e professores que atuam no âmbito da educação desenvolvida no contexto de privação de liberdade, mais especificamente no Colégio Estadual Sonho de Liberdade que fica dentro da Unidade de Tratamento Penal Barra da Grota em Araguaína, Tocantins. Mostraremos, analiticamente, como a escola, nesse contexto, responde sobre suas (im)possibilidades dados contornos discursivos que a (en)formam diante da responsabilidade da garantia efetiva do direito à educação à pessoa presa. Para tanto, mobilizamos a Análise de Discurso de linha francesa e de base peuchetiana, a partir dos conceitos de discurso “efeito de sentidos entre interlocutores” (PÊCHEUX, 1969) e discurso enquanto “estrutura e acontecimento” (PÊCHEUX, 1983). Além da Análise de Discurso, fizemos uma incursão na linguística da enunciação de Émile Benveniste para entender o processo enunciativo e a relação do sujeito falante com o mundo, com o real, pois o sujeito se realiza na e pela linguagem. Os resultados mostraram que a escola na prisão tem como foco, antes da proposta educacional, o projeto ressocializador visto que está implicada no objetivo maior da formação ideológica “punitivo-restaurativa”.

 

Palavras-Chave: Discurso; Escola; Discursividade; Contexto Prisional.

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Publicado

2023-12-31

Como Citar

DE VIVEIRO, M. A. (2023). DISCURSIVIDADES SOBRE A ESCOLA NO ÂMBITO DA PRISÃO: DAS ENUNCIAÇÕES DOS SUJEITOS ENVOLVIDOS. Porto Das Letras, 9(Especial), 109–136. Recuperado de https://sistemas.uft.edu.br/periodicos/index.php/portodasletras/article/view/17460

Edição

Seção

Desafios da Educação e da Pesquisa no Contexto da Amazônia Brasileira