Caminhar entre listas: bibliotecas como espaços de instrumentação linguística
Resumo
Neste artigo, atravessados pela Análise do Discurso materialista e pela História das Ideias Linguísticas – com o propósito da construção colaborativa do projeto de pesquisa que temos chamado de História Discursiva dos Livros –, pretendemos refletir sobre as bibliotecas não apenas como instituições, mas como espaços em que potencialmente se dá instrumentação linguística, aproximando-as a artefatos como gramáticas, dicionários, livros didáticos de língua(s). Para isso, recorremos a análises (a) do discurso enciclopédico sobre a categorização do conhecimento humano; (b) da Classificação Decimal de Dewey (CDD) como um dos principais métodos (obrigatórios, em certos casos) para a catalogação de livros, levando a uma codificação numérica na ficha catalográfica das publicações e a uma organização específica no espaço das bibliotecas; (c) do lugar físico e concreto de bibliotecas variadas, com registro fotográfico mas também da memória. Com isso, o estudo em tela se coloca como uma tentativa de contribuir para se pensar de modo mais amplo em formas de materialização de instrumentos linguísticos, na relação que estabelecem com a divisão do espaço institucional (urbano?) e, por que não, com o próprio corpo.
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