AS LÍNGUAS DE SINAIS SÃO LÍNGUAS NATURAIS?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.20873-la-ax

Resumo

O presente texto objetiva responder à pergunta “as línguas de sinais são línguas naturais?” à luz do artigo seminal “The Origin of Speech” de Charles Hockett, publicado em 1960. Nesse artigo, Hockett (1960) lista e explica 13 traços arquitetônicos (design features) que considera como definidores das línguas naturais e, consequentemente, diferenciadores destas de outras formas de comunicação. Como se verá, a maior parte dos traços arquitetônicos propostos por Hockett, embora originalmente pensados apenas para as línguas faladas, é observada nas línguas de sinais. Os traços arquitetônicos incompatíveis com as línguas de sinais são o canal oro-auditivo, dado que as línguas de sinais se manifestam através da modalidade gestual-visual, e a arbitrariedade do signo linguístico, uma vez que as línguas sinalizadas são mais icônicas que as línguas orais. Esses traços são revistos em um trabalho publicado em 1978 pelo mesmo autor intitulado “In Search of Jove’s Brow”. Nele, Hockett relata que se inteirou do trabalho de Stokoe (1960) e que, a partir dele, se convenceu de que as línguas de sinais são línguas naturais. Como consequência disso, Hockett altera a formulação do traço relativo ao canal de manifestação linguística, incluindo a modalidade gestual-visual, e do traço relacionado à arbitrariedade do signo linguístico, reconhecendo que a maior iconicidade das línguas sinalizadas decorre justamente da modalidade em que são produzidas.

Referências

BOLINGER, D.; SEARS, D. A. Aspects of language. New York: Harcourt Brace Jovanovich. Chicago, 1981.
HOCKETT, C. F. In Search of Jove’s Brow. American Speech, v. 53, n. 4, p. 243–313, 1978.
HOCKETT, C. F. The Origin of Speech. Scientific American, v. 203, p. 88–111, 1960.
JOHNSTON, T.; SCHEMBRI, A. Australian Sign Language (Auslan): An introduction to sign language linguistics. Cambridge: Cambridge University Press, 2007.
KLIMA, E. S.; BELLUGI, U. The Signs of Language. Cambridge: Harvard University Press, 1979.
MADDIESON, I. Consonant Inventories. In: DRYER, M. S.; HASPELMATH, M. (Eds.). The World Atlas of Language Structures Online. Leipzig: Max Planck Institute for Evolutionary Anthropology, 2013. Disponível em http://wals.info/chapter/1. Acessado em 07 Jul 2021.
MEIER, R. P. Language and modality. In: PFAU, R.; STEINBACH, M.; WOLL, B. (Orgs.). Sign Language: An International Handbook, Berlin, Boston: Berlin: De Gruyter Mouton, 2012, p. 574-601.
STOKOE, W. Sign Language Structure: An Outline of the Visual Communication Systems of the American Deaf. Studies in Linguistics: Occasional Papers, v. 8, 1960.
XAVIER, A. N. Libras. São Paulo: UNICID, 2012.

Publicado

2022-09-01

Como Citar

Albuquerque, L. G. de, & Xavier, A. (2022). AS LÍNGUAS DE SINAIS SÃO LÍNGUAS NATURAIS?. Porto Das Letras, 8(2), lib22001. https://doi.org/10.20873-la-ax

Edição

Seção

LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS (LIBRAS)

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)