Por uma democracia desarmada em um mundo de tensões
DOI:
https://doi.org/10.20873.rpv8n2-77Palavras-chave:
Violência, Democracia, Política de armas, DesarmamentoResumo
A partir de dados do Atlas da violência 2021, que apontam as questões atuais que desenham a conjuntura da violência no Brasil, este texto pretende, em primeiro lugar, formular um conceito de democracia como a forma mais elevada de organização política a que pode aspirar uma sociedade, inspirado nas reflexões de três pensadores do século XX: Eric Weil (1904-1977), para quem a democracia se concebe como um sistema de livre discussão em evolução; Norberto Bobbio (1909-2004), para quem a democracia se propõe a tarefa de conciliar duas coisas contrastantes como a liberdade e o poder, e Henrique C. de Lima Vaz (1921-2002), que afirma ser a democracia, no plano político, a expressão mais adequada da dignidade humana. Em seguira, o texto pretende apresentar os limites e os desafios que as injustiças sociais e a violência do mundo contemporâneo impõem à realização do conceito de democracia formulado. Finalmente, em discussão com o sociólogo Boaventura de Sousa Santos (1940), o texto argumentará em favor de uma democracia desarmada como resposta aos desafios e como via de superação dos limites que o mundo de tensões apresenta à tarefa de reinventar a democracia.
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