A meritocracia como barreira à ascensão feminina em contextos organizacionais

Autores

  • Janaina Bosa Daniel UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
  • Marina Maia do Carmo UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
  • Eliane Seidl UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
  • Carla Antloga UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

DOI:

https://doi.org/10.20873/2526-1487e024019

Palavras-chave:

Mérito, Barreira, Mulheres na liderança

Resumo

A participação paritária das mulheres nas posições de gestão e liderança é alvo de recentes agendas institucionais e sociais. As pesquisas apontam uma diversidade de barreiras individuais e sociais para ascensão das mulheres a tais posições. Observando a lógica meritocrática na sociedade moderna, interessa-nos eventuais relações entre mérito e ascensão feminina. O objetivo deste artigo é identificar, possíveis associações entre o mérito individual e as barreiras e obstáculos à ascensão de mulheres às posições de gestão e liderança, em contextos de trabalho organizacionais. Para tanto, foi realizada uma revisão integrativa de literatura nas bases Web of Science, Scopus e Scientific Electronic Library Online (SciELO). Os sete artigos selecionados compreendem o período entre 2013 e 2023, sendo 30% dos artigos da literatura nacional e 70% da literatura internacional. Essa seleção permitiu elaborar e analisar três categorias: efeito teflon − antiaderência, negação e adaptação à discriminação e acesso meritocrático versus preferencial. O mérito alimenta e fomenta as resistências e atribui conotação de injustiça às práticas que busquem atenuar e reconfigurar a distribuição da tomada de decisão nas organizações.

Biografia do Autor

Janaina Bosa Daniel, UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

Janaina Bosa Daniel, Graduada em Administração de Empresas, Doutoranda em Psicologia Clínica e Cultura com ênfase em trabalho feminino e liderança. E-mail: janainabosa@gmail.com

 ORCID /0009-0004-9080-9790 

Universidade de Brasília , Instituto de Psicologia, Programa de Pós-graduação em Psicologia Clínica e Cultura.  Endereço profissional: Instituto de Psicologia, Campus Universitário Darcy Ribeiro ICC Sul, Brasília - DF, 70910-900

 

Marina Maia do Carmo , UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

Marina Maia do Carmo, Psicóloga Clínica e do Trabalho. Doutoranda em Psicologia Clínica e Cultura com ênfase em trabalho feminino e liderança. E-mail: m.maiacarmo@gmail.com

Universidade de Brasília , Instituto de Psicologia, Programa de Pós-graduação em Psicologia Clínica e Cultura.  Endereço profissional: Instituto de Psicologia, Campus Universitário Darcy Ribeiro ICC Sul, Brasília - DF, 70910-900

Eliane Seidl, UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

Eliane Maria Fleury Seidl, Doutora em Psicologia pela Universidade de Brasília, Professora Titular do Departamento de Psicologia Clínica do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília. Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq (IC). E-mail: seidl@unb.br 

Universidade de Brasília, Instituto de Psicologia, Departamento de Psicologia Clínica, Endereço profissional: Instituto de Psicologia Campus Universitário Darcy Ribeiro ICC Sul, Brasília - DF, 70910-900

Carla Antloga, UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

Carla Antloga, Psicóloga, Professora Associada do Departamento de Psicologia Clínica do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília. E-mail: antlogacarla@gmail.com

Universidade de Brasília, Instituto de Psicologia, Departamento de Psicologia, Endereço profissional: Instituto de Psicologia, Campus Universitário Darcy Ribeiro, ICC Sul, Brasília - DF, 70910-900

Referências

Almeida, I.M.G. (2019). Cotas eleitorais de gênero no Brasil: análise dos debates e das medidas de fomento da participação feminina na política [Dissertação de mestrado, Universidade de São Paulo]. https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/2/2134/tde-16072020-183910/publico/7633808_Dissertacao_Parcial.pdf

Ashcraft, K. (2013). The glass slipper: ‘incorporating’ occupational identity in management studies. Academy of Management Review, 38(1), 6-31.

Banco Mundial. (2023). Women, Business and the Law. https://wbl.worldbank.org/en/reports

Barrón-Arreola, K. S., Madera-Pacheco, J. A., & Cayeros-López, L. I. (2018). Mujeres universitarias y espacios de decisión: estudio comparativo en Instituciones de Educación Superior mexicanas. Revista de la Educación Superior, 47(188), 39-56. http://www.scielo.org.mx/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0185-27602018000400039&lng=es&tlng=es

Botelho, L. L. R., Cunha, C. C. D. A., & Macedo, M. (2011). O método da revisão integrativa nos estudos organizacionais. Gestão e Sociedade, 5(11), 121. https://doi.org/10.21171/ges.v5i11.1220

Bruschini, C., & Puppin, A. B. (2004). Trabalho de mulheres executivas no Brasil no final do século XX. Cadernos de Pesquisa, 34(121), 105–138. https://doi.org/10.1590/S0100-15742004000100006

Capuano, E. A. (2015). Gestão por competências no setor público: Experiências de países avançados e lições para o Brasil. Revista do Serviço Público, 66(3), 371–394. https://doi.org/10.21874/rsp.v66i3.574

Carli, L. L., & Eagly, A. H. (2016). Women face a labyrinth: An examination of metaphors

for women leaders. Gender in Management, 31(8), 514-527. https://doi.org/10.1108/GM-02-2015-0007

Casaca, S. F., Guedes, M. J., Marques, S. R., & Paço, N. (2021). A favor, contra, ou assim-assim? Posições e discursos de membros dos órgãos de gestão sobre limiares de representação legalmente vinculativos, mérito e igualdade. Ex aequo, 44. https://doi.org/10.22355/exaequo.2021.44.05

De Vries, J. A., & Van Den Brink, M. (2016). Transformative gender interventions: Linking theory and practice using the “bifocal approach”. Equality, Diversity and Inclusion: An International Journal, 35(7/8), 429–448. https://doi.org/10.1108/EDI-05-2016-0041

Eagly, A. H., & Carli, L. L. (2007). Through the labyrinth: The truth about how women become leaders. Boston, MA: Harvard Business School Press.

Filho, M. A. (2017, 07 de junho). A meritocracia é um mito que alimenta as desigualdades, diz Sidney Chalhoub. Jornal da Unicamp. https://www.unicamp.br/unicamp/ju/noticias/2017/06/07/meritocracia-e-um-mito-que-alimenta-desigualdades-diz-sidney-chalhoub

Fórum Econômico Mundial. (2023). Global gender gap report 2023. https://www3.weforum.org/docs/WEF_GGGR_2023.pdf

Gomes Neto, M. B., Grangeiro, R. R., & Esnard, C. (2022). Academic women: A study on the queen bee phenomenon. RAM. Revista de Administração Mackenzie, 23(2). https://doi.org/10.1590/1678-6971/eramg220211.en

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. (2021). Estatísticas de gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil (2ª ed., p. 12). IBGE - Coordenação de População e Indicadores Sociais. https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101784_informativo.pdf

Harris, C., Ravenswood, K., & Myers, B. (2013). Glass slippers, holy grails and ivory towers: Gender and advancement in academia. Labour and Industry, 23(3), 231–244. Scopus. https://doi.org/10.1080/10301763.2013.839084

Hryniewicz, L. G. C., & Vianna, M. A. (2018). Mulheres em posição de liderança: Obstáculos e expectativas de gênero em cargos gerenciais. Cadernos EBAPE.BR, 16(3), 331–344. https://doi.org/10.1590/1679-395174876

Mazza, M. G., & Mari, C. L. D. (2021). Meritocracia: Origens do termo e desdobramentos no sistema educacional do Reino Unido. Pro-Posições, 32, e20190063. https://doi.org/10.1590/1980-6248-2019-0063

Miltersteiner, R. K., Oliveira, F. B. D., Hryniewicz, L. G. C., Sant’anna, A. D. S., & Moura, L. C. (2020). Liderança feminina: Percepções, reflexões e desafios na administração pública. Cadernos EBAPE.BR, 18(2), 406–423. https://doi.org/10.1590/1679-395120190176

Muniz, R. (2022, 26 de janeiro). Estudos mostram efeitos benéficos de sistema de cotas raciais sobre a universidade pública brasileira. Jornal da Unesp. https://jornal.unesp.br/2022/01/26/estudos-mostram-efeitos-beneficos-de-sistema-de-cotas-raciais-sobre-a-universidade-publica-brasileira

O’Brien, W., Hanlon, C., & Apostolopoulos, V. (2023). Women as leaders in male-dominated sectors: A bifocal analysis of gendered organizational practices. Gender, Work and Organization, 30(6), 1867–1884. https://doi.org/10.1111/gwao.13019

Oliveira-Silva, L. C., & Lopes, A. B. M. (2021). Mulheres e liderança: Barreiras, estereótipos e estratégias frente a uma visão androcêntrica. In I. F. Barbosa, V. S. L. Barbosa, & M. R. M. Araújo (Orgs.), Contrassensos contemporâneos do mundo do trabalho (pp. 181-200). Criação Editora. https://www.researchgate.net/publication/352295946

Organização das Nações Unidas (2023). Objetivos de desenvolvimento sustentável. https://brasil.un.org/pt-br/sdgs/5

Simpson, R., & Kumra, S. (2016). The Teflon effect: When the glass slipper meets merit. Gender in Management, 31(8), 562–576. https://doi.org/10.1108/GM-12-2014-0111

Smith, P., Caputi, P., & Crittenden, N. (2012). A maze of metaphors around glass ceilings. Gender in Management: An International Journal, 27(7), 436–448. https://doi.org/10.1108/17542411211273432

Vicente, E. & Valinhos, H. Cotas raciais no serviço público devem espelhar o modelo em universidades. Folha de S. Paulo. https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2023/03/cotas-raciais-no-servico-publico-devem-se-espelhar-em-modelo-de-universidades

Whittemore, R., & Knafl, K. (2005). The integrative review: Updated methodology. Journal of Advanced Nursing, 52(5), 546-553. https://doi.org/10.1111/j.1365-2648.2005.03621.x

Downloads

Publicado

2024-10-25

Como Citar

Daniel, J. B., Carmo , M. M. do, Seidl, E., & Antloga, C. (2024). A meritocracia como barreira à ascensão feminina em contextos organizacionais. Trabalho (En)Cena, 9(Contínuo), e024019. https://doi.org/10.20873/2526-1487e024019

Edição

Seção

Artigo de Revisão de Literatura