INFLUÊNCIAS DAS CONSTRUÇÕES ESTEREOTIPADAS DE GÊNERO NA CARGA MENTAL DE TRABALHO DAS MULHERES
DOI:
https://doi.org/10.20873/2526-1487e023027Palavras-chave:
Carga mental de trabalho, Mulheres, Sobrecarga de trabalho, Saúde mental, GêneroResumo
O objetivo deste estudo é compreender como a carga mental de trabalho das mulheres pode ser afetada por construções estereotipadas de gênero. Foi realizada uma pesquisa qualitativa e exploratória com dados secundários, disponibilizados por uma das Gerências Regionais da Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco – Brasil. Os resultados indicaram que as mulheres são maioria (72%) executando o trabalho doméstico e familiar (20 horas ou mais por semana) além de exercerem 40 horas semanais no seu trabalho na área da educação. Embora os homens e as mulheres estejam no mesmo seguimento de trabalho formal e remunerado, com quantidades de horas de trabalho similares, há uma expectativa cultural estereotipada de que são as mulheres que devem se articular para desempenhar as tarefas domésticas e os cuidados com pessoas e animais domésticos em suas residências. Aspecto que atribui especificidades diferenciadas para a carga mental de trabalho de homens e de mulheres, uma vez que o trabalho doméstico e familiar tende a não ser remunerado, não ter férias e/ou descanso, e pode produzir um estado de alerta constante, resultando para muitas mulheres o uso excessivo das funções cognitivas e intelectuais, promovendo a exaustão mental.
Referências
Almeida, A. C. de, Santos, F. N. F. dos, Lirio, V. S., & Bohn, L. (2022). Reflexões sobre as relações entre desigualdade de gênero, mercado de trabalho e educação dos filhos. Observatório socioeconômico da Covid-19: Perspectivas econômicas e sociais diante da pandemia.
Antunes, L. (2019). Por que as mães estão exaustas? Entenda o impacto da carga mental na vida das mulheres. O Globo. http://abet-trabalho.org.br/por-que-as-maes-estao-exaustas-entenda-o-impacto-da-carga-mental-na-vida-das-mulheres/
Araújo, L. F. de. (2022). O mundo dos homens e o segundo sexo: do essencialismo de gênero à transcendência [Dissertação de mestrado]. Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN, Brasil. https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/49735
Bardin, l. (2016). Análise de Conteúdo. Edições 70.
Barroso, H. C., & Gama, M. S. B. (2020). A crise tem rosto de mulher: como as desigualdades de gênero particularizam os efeitos da pandemia do COVID-19 para as mulheres no Brasil. https://doi.org/10.5281/zenodo.3953300
Borsoi, I. C. F., & Pereira, F. S. P. S. (2011). Mulheres e homens em jornadas sem limites: docência, gênero e sofrimento. Temporalis, 11(21), 119-145.
Brasil (2023). Galeria de Ministros da Educação. Ministério da Educação Brasileiro: gov.br https://www.gov.br/mec/pt-br/acesso-a-informacao/institucional/galeria-de-ministros
Castro, B., & Chaguri, M. M. (2020). Gênero, tempos de trabalho e pandemia: Por uma política científica feminista. Linha mestra, 14(41a), 23-31. https://doi.org/10.34112/1980-9026a2020n41Ap23-31
Corrêa, R. (2022). Monumento para a mulher desconhecida: ensaios íntimos sobre o feminino. Editora Rocco.
Cruz, R. M., & Labiak, F. P. (2021). Implicações Éticas na Psicoterapia On-line em Tempos de Covid-19. Revista Psicologia e Saúde, v. 13, p. 203-2016. http://dx.doi.org/10.20435/pssa.v13i3.1576
Cuvelier, L. (2012). Mesures quantitatives de la charge mentale: avancées, limites et usages pour la prévention des risques professionnels. Archives des Maladies Professionnelles et de l'Environnement, 73(2), 120-126. https://doi.org/10.1016/j.admp.2012.02.040
Federici, S., & Valio, L. B. M.. (2020). Na luta para mudar o mundo: mulheres, reprodução e resistência na América Latina. Revista Estudos Feministas, 28. https://doi.org/10.1590/1806-9584-2020v28n270010
Fernandez, B. P. M. (2019). Teto de vidro, piso pegajoso e desigualdade de gênero no mercado de trabalho brasileiro à luz da economia feminista: por que as iniquidades persistem?. Cadernos de Campo: Revista de Ciências Sociais, (26), 79-104. https://periodicos.fclar.unesp.br/cadernos/article/view/12951/8501
Foucault, M. (1997). A Arqueologia do Saber. Vozes.
Hirata, H., & Kergoat, D. (2007). Novas configurações da divisão sexual do trabalho. Cadernos de pesquisa, 37, 595-609. https://doi.org/10.1590/S0100-15742007000300005
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2020). Em média, mulheres dedicam 10,4 horas por semana a mais que os homens aos afazeres domésticos ou ao cuidado de pessoas. Gov.br: Estatísticas Sociais. https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/27877-em-media-mulheres-dedicam-10-4-horas-por-semana-a-mais-que-os-homens-aos-afazeres-domesticos-ou-ao-cuidado-de-pessoas
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (2019). Relatório Nacional: Pesquisa internacional sobre ensino e aprendizagem. Talis 2018: primeira parte. Brasília. https://download.inep.gov.br/acoes_internacionais/pesquisa_talis/resultados/2018/relatorio_nacional_talis2018.pdf
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (2022). Conheça o perfil dos professores brasileiros. Gov.br. Ministério da Educação. https://www.gov.br/inep/pt-br/assuntos/noticias/institucional/conheca-o-perfil-dos-professores-brasileiros
Labiak, F. P. (2023a). Violência psicológica contra a mulher: artefato do patriarcado para gerar submissão. Open Science Research X. Vol. 10: Editora Científica Digital (Organização). Científica Digital. https://doi.org/10.37885/221211548
Labiak, F.P. (2023b). Sexual violence in Brazil: voices of raped women. International Journal of Human Sciences Research. V. 3, n. 12. https://www.atenaeditora.com.br/catalogo/artigo-revista/violencia-sexual-no-brasil-vozes-de-mulheres-violadas
Labiak, F. P., Silva, G. de N., Vieira, K. (2021). Desafios da extensão universitária na prevenção da violência doméstica. Participação. [S. l.], v. 20, n. 36, p. 22–41. https://periodicos.unb.br/index.php/participacao/article/view/45983
Lemos, A. H. D. C., Barbosa, A. D. O., & Monzato, P. P. (2021). Mulheres em home office durante a pandemia da covid-19 e as configurações do conflito trabalho-família. Revista de Administração de Empresas, 60, 388-399. https://doi.org/10.1590/S0034-759020200603
Leplat, J., & Cuny, X. (1983). Introdução à psicologia do trabalho. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.
Macêdo, S. (2020). Ser mulher trabalhadora e ãe no contexto da pandemia COVID-19: tecendo sentidos. Revista do NUFEN, 12(2), 187 - 204. http://dx.doi.org/10.26823/RevistadoNUFEN.vol12.nº02rex.33
Molinier, P. (2004). O ódio e o amor, caixa preta do feminismo? Uma crítica da ética do devotamento. Psicologia em Revista, 10(16), 227-242. https://doi.org/10.5752/P.1678-9563.2004v10n16p227-242
Moraes, A. F., & Ribeiro, L. (2012). As políticas de combate à violência contra a mulher no Brasil e a "responsabilização" dos "homens autores de violência". Sexualidad, Salud y Sociedad (Rio de Janeiro), 37-58. https://doi.org/10.1590/S1984-64872012000500003
O'Donnell, R.D., & Eggemeier, F.T., (1986) Em: K.R. Boff, L. Kaufman, & J. P. Thomas (orgs). Manual de percepção e desempenho humano. Vol. 2. Processos cognitivos e desempenho. 42-49, New York: Wiley.
Oliveira Dias de, M. J. P., Mesquita, M. C. D. G. D., & Carneiro, M. E. F. (2020). A feminização no campo da educação brasileira. Humanidades e Tecnologia (FINOM), 20(1), 111-129. http://revistas.icesp.br/index.php/FINOM_Humanidade_Tecnologia/article/view/996/699
Oliveira, A. L. de (2020). A espacialidade aberta e relacional do lar: a arte de conciliar maternidade, trabalho doméstico e remoto na pandemia da COVID-19. Revista Tamoios, 16(1). https://doi.org/10.12957/tamoios.2020.50448
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (2020). Education: From disruption to recovery. UNESCO. https://en.unesco.org/covid19/educationresponse
Patlán, J. (2013). Efecto del burnout y la sobrecarga em la calidad de vida em el trabajo. Estudios Gerenciales. 29(129): 445-455. http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0123-59232013000400008&lng=en&tlng=
Ribeiro, A. A. de A., Oliveira, M. V. de L., Furtado, B. M. A. S. M., & Freitas, G. F. D. (2022). Impactos da pandemia COVID-19 na vida, saúde e trabalho de enfermeiras. Acta Paulista De Enfermagem, 35, eAPE01046. https://doi.org/10.37689/acta-ape/2022AO010466
Rubio-Valdehita, S., Ramiro, M. D. E., Martín, G. J., & Moreno, L. (2010). La carga mental como factor de riesgo psicosocial. Diferencias por baja laboral. Ansiedad y estrés, 16. https://selcap.cl/wp-content/uploads/2019/11/DECORE_06.pdf
Schouten, M. J. (2002). Géneros e espaços, um percurso antropológico. Acta do Colóquio da ADM Estrela “Fórum desigualdades de género". Guarda: ADM Estrela. https://ubibliorum.ubi.pt/bitstream/10400.6/4441/1/g%C3%A9neros%20e%20espa%C3%A7os%20rep.pdf
Tarábola, L. L. M. (2019). O professor entre o profissionalismo e o heroísmo: as motivações e expectativas para a escolha da carreira docente (tese de doutorado), Universidade de São Paulo. https://doi.org/10.11606/D.48.2019.tde-04112019-182025
Temsah, M. H., Al-Sohime, F., Alamro, N., Al-Eyadhy, A., Al-Hasan, K., Jamal, A., ... & Somily, A. M. (2020). The psychological impact of COVID-19 pandemic on health care workers in a MERS-CoV endemic country. Journal of infection and public health, 13(6), 877-882. http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1876034120304871
Tricontinental (2019). Mulheres de luta, mulheres em luta. Estudos feministas 1. Instituto Tricontinental de Pesquisa Social. https://thetricontinental.org/pt-pt/estudos-feminismos-1/
Vieira, J., Anido, I., & Calife, K. (2022). Mulheres profissionais da saúde e as repercussões da pandemia da Covid-19: é mais difícil para elas? Saúde em Debate, 46, 47-62. https://doi.org/10.1590/0103-1104202213203
Wang, Y., Di, Y., Ye, J., & Wei, W. (2021). Study on the public psychological states and its related factors during the outbreak of coronavirus disease 2019 (COVID-19) in some regions of China. Psychology, health & medicine, 26(1), 13-22. https://doi.org/10.1080/13548506.2020.1746817
World Health Organization (2014). Mental health: a state of well-being. https://www.who.int/features/factfiles/mental_health/en/
Young, M. S., Stanton, N. A., & Walker, G. H. (2006). In loco intellegentia: human factors for the future European train driver. International Journal of Industrial and Systems Engineering, 1(4), 485-501. https://doi.org/10.1504/IJISE.2006.010388
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Fernanda Pereira Labiak, Maria do Carmo de Lima Silva Lacerda, Graziele Zwielewski
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Os direitos autorais dos artigos publicados pela Revista Trabalho EnCena permanecem propriedade dos autores, que cedem o direito de primeira publicação à revista. Os autores devem reconhecer a revista em publicações posteriores do manuscrito. O conteúdo da Revista Trabalho EnCena está sob a Licença Creative Commons de publicação em Acesso Aberto. É de responsabilidade dos autores não ter a duplicação de publicação ou tradução de artigo já publicado em outro periódico ou como capítulo de livro. A Revista Trabalho EnCena não aceita submissões que estejam tramitando em outra Revista. A Revista Trabalho EnCena exige contribuições significativas na concepção e/ou desenvolvimento da pesquisa e/ou redação do manuscrito e obrigatoriamente na revisão e aprovação da versão final. Independente da contribuição, todos os autores são igualmente responsáveis pelo artigo.