A fantasia como recurso diante de um diagnóstico mortífero
DOI:
https://doi.org/10.20873/uft.2359-3652.2015v1n2p136Palavras-chave:
Fantasia, Psicanálise, Machado de Assis, HIV/AIDSResumo
Freud começou sua jornada em direção à noção de fantasia em sua obra seguindo os passos de Gradiva, a jovem que avança, uma figura mitológica originária de um romance. Desde já, ele percebe que a narrativa literária é capaz de trazer à tona, sem necessidade de argumentações ou contraprovas, noções de difícil aceitação, como os processos envolvidos na formação dos sonhos e do delírio. Neste estudo seguiremos esta tradição freudiana para analisar um caso clínico atendido por um dos autores, mesclando elementos do delírio imaginativo com trechos da obra Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis. Narraremos aqui a história de um jovem diagnosticado com HIV/Aids, lançado à fúria das águas infernais sem uma única moeda para entregar ao barqueiro. Com o apoio virgiliano, nosso herói atravessou os campos Elíseos em busca de um fim, ou de um recomeço.
Palavras-chave: Fantasia, Psicanálise, Machado de Assis, HIV/AIDS
ABSTRACT
Freud began his journey towards the notion of fantasy in his work by following the steps of Gradiva, the woman who walks, a mythological figure originated in a novella. Henceforth, he realizes that literary narrative is capable of surfacing notions that are difficult to accept – with no need for argumentation or counterproof – such as the processes involved in the formation of dreams and delirium. In this study we will follow Freudian tradition in order to analyze a clinical case assisted by one of the authors, mixing elements of imaginative delirium with passages from The Posthumous Memoirs of Bras Cubas, by Machado de Assis. Here, we will tell the tale of a young man diagnosed with HIV/Aids, tossed into the fury of the infernal waters without a single coin to give to the ferryman. With Virgilian support, our hero crossed the Elysian Fields in search for an end, or a new beginning.
Keywords: fantasy, psychoanalysis, Machado de Assis, HIV/AIDS
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