OS SUPORTES DOS JORNAIS: DO PAPEL AO DIGITAL

Autores

  • Regis Thiago da Silva USP/FFLCH

DOI:

https://doi.org/10.20873/asel.v33i2.21968

Palavras-chave:

Semiótica discursiva; práticas semióticas; suporte; jornal.

Resumo

Esta pesquisa, em sua fase inicial, adota os princípios teórico-metodológicos da semiótica francesa como base para os procedimentos analíticos, com a interação entre o suporte material dos jornais e os efeitos de sentido gerados na recepção dos leitores. Ao lembrar que a semiótica greimasiana concentrou-se no plano do conteúdo, tendo foco no Percurso Gerativo do Sentido; outros estudiosos, expandiram suas análises ao considerar o plano de conteúdo e da expressão em outras camadas, como a questão matérica, ao se preocupar com a gramatura, sensação tátil, entre outras categorias do objeto material que suporta a manifestação do conteúdo. Em Práticas Semióticas (2008), nos níveis de pertinência, Fontanille explora a importância do suporte de exibição na forma como a mensagem é percebida e interpretada, afirmando que o suporte não atua como um meio neutro. Em vez disso, ele interage com o conteúdo e o transforma, alterando a experiência do leitor. No texto jornalístico, isso significa que o suporte material — seja físico, como o papel, ou digital, como uma tela de celular — modifica a leitura e a interpretação da mensagem jornalística. Exemplificando tais mudanças no cenário brasileiro, o corpus escolhido foi o jornal O Estado de S. Paulo ou Estadão que reduziu o tamanho de sua edição impressa em 2021, abandonando o formato tradicional adotado desde 1875 e optando pelo modelo "berliner". Suas publicações mantêm o mesmo conteúdo em suas edições digitais, demonstrando que, embora o material impresso e o digital carreguem a mesma informação, o suporte pode gerar diferentes dinâmicas de leitura e interpretações. O suporte impresso possui qualidades táteis e visuais que influenciam a experiência de leitura. Seu ambiente de leitura geralmente se situa em contextos físicos definidos, como o transporte público, a casa ou um café, o que permite um tempo de leitura mais concentrado e linear. Já o suporte digital opera em um ambiente de navegação fragmentado, em que o leitor lida com múltiplos estímulos simultâneos — notificações, publicidade e outras fontes de distração na internet —, o que compromete a continuidade da leitura e fragmenta a experiência.

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Publicado

2025-12-19

Como Citar

SILVA, Regis Thiago da. OS SUPORTES DOS JORNAIS: DO PAPEL AO DIGITAL. Acta Semiótica et Lingvistica, [S. l.], v. 33, n. 2, p. 190–205, 2025. DOI: 10.20873/asel.v33i2.21968. Disponível em: https://sistemas.uft.edu.br/periodicos/index.php/actas/article/view/21968. Acesso em: 20 dez. 2025.

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