DISCURSO, REPRESENTATIVIDADE E RESISTÊNCIA INDÍGENAS
AILTON KRENAK E RAONI METUKTIRE NO DOCUMENTÁRIO FALAS DA TERRA
DOI:
https://doi.org/10.20873/actasemiticaetlingvistica.v31i2.20358Palabras clave:
Estudos Discursivos Foucaultianos;, Representatividade Indígena;, Documentário Falas da Terra;, Dispositivo jurídico.Resumen
Este trabalho objetiva analisar os discursos de Ailton Krenak e do cacique Raoni Metuktire na produção audiovisual Falas da Terra, que permite suspender o véu da invisibilidade das vozes indígenas através de depoimentos de representantes indígenas de todo o Brasil. Esta pesquisa é subsidiada pelo aporte teórico dos Estudos Discursivos Foucaultianos (1988, 2003, 2006, 2009, 2013a, 2013b, 2019). O método utilizado é o arqueogenealógico de Michel Foucault, que permite escavar as condições históricas e sociais que moldam a produção e a circulação desses discursos, entrelaçados na teia do saber-poder e nas práticas de si. Nesta investigação, o conceito de discurso é mobilizado como “um conjunto regular de fatos linguísticos em determinado nível e polêmicos e estratégicos por outro” (FOUCAULT, p. 9, 2013a). O corpus é composto por recortes do documentário Falas da Terra, que problematizam a história da colonização brasileira, para desmistificar narrativas consolidadas na memória social, que geram preconceitos e estereótipos em relação aos povos originários. Este estudo questiona quem são os sujeitos indígenas legitimados a falar na sociedade atual. Os discursos dos líderes indígenas Krenak e Raoni destacam movimentos socio-históricos de resistência indígena, ancorados em relações de poder-saber e em um enfrentamento histórico-político, atravessado por dispositivos jurídicos. Eles percebem que somente através da mobilização de garantias legais é que os grupos indígenas conseguem alguma salvaguarda. Além disso, suas lutas e resistências são cotidianas e permanentes.
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