O DISCURSO DO ENTRETENIMENTO NA PROPAGANDA DE ALISTAMENTO MILITAR NORTE-AMERICANA

Resumo

Pensando no processo de ‘propagandização’ da indústria cultural e a subsequente planificação dos indivíduos na modernidade (Adorno; Horkheimer, 1985), este artigo buscou analisar o discurso de uma propaganda de alistamento estadunidense (Goarmy, 2021), produzida a partir de um produto cultural: a série animada. Baseou-se nos conceitos de ‘condições de produção’, ‘formação discursiva’ (FD) (Pêcheux, 2011) e ‘cenografia’ (Maingueneau, 2004) para investigar como os valores do neoliberalismo globalizador, protagonizado pelos Estados Unidos, desdobram-se na construção de sentidos unificadores, difundidos por ferramentas discursivas e pelo entretenimento. A empreitada se consolida como instrumento de crítica sobre os pontos frágeis e contraditórios de um modo de produção gerido pela economia norte-americana. A análise mostrou que os sentidos de liberdade e democracia, dispersados pela cenografia repousam na história do discurso do país e orientam a FD militar na qual a materialidade se insere; ocorrem tanto pela técnica do gênero propaganda quanto pela da animação em série, produzindo efeitos de liberdade, novidade e entretenimento – oriundos do engendramento ao neoliberalismo globalizador. Assim, o discurso da propaganda contribui para o assujeitamento e a planificação da subjetividade a partir da aproximação com à cultura ameniza as tensões político-econômicas que cerceiam o militarismo e são por ele corroboradas.