VOZES QUE LEEM, VOZES QUE CONSTROEM

A AUTORIA DE EVARISTO NA RECEPÇÃO DE PONCIÁ VICÊNCIO

Resumo

Ao pensarmos a literatura como um espaço de estudos sobre as (des)identidades nacionais, podemos trazer à baila grandes e diversificados autores que promoveram, cada um a seu tempo, movimentações importantes sobre essa discussão. Nesse cenário de rupturas nacionais, muitas das reflexões que emergiram, como o racismo, o preconceito de classes e a sexualidade eram temas que apareciam nas obras, quebrando a expectativa de uma realidade ideal e problematizando uma diversidade de realidades que assola não só a vida cotidiana dos sujeitos em interação, mas também como reflexo retratado pelo escopo literário da época. Dessa forma, buscamos refletir a gestão da autoria na obra Ponciá Vicêncio (2018), de Conceição Evaristo, a partir de sua materialidade inscricional e dos valores atribuídos a ela e da imagem de autor da estudiosa. Para tanto, no âmbito dos estudos discursivos, mobilizaremos a noção de imagem de autor (Maingueneau, 2006, 2010, 2016) para analisar o gerenciamento do lugar discursivo de autor e os aspectos da materialidade inscricional e da constituição de valor dela a partir do polo de recepção da obra. Por fim, tomamos a noção de interseccionalidade (Collins; Bilge, 2020, Collins, 2022) para refletir a influência que as relações interseccionais de poder têm no meio editorial e como pode ser utilizada enquanto forma de resistência intelectual.