A LITERATURA NO LAMPIÃO DA ESQUINA

UM LUGAR DE PARATOPIA

Resumen

RESUMO: O Lampião da Esquina foi um jornal alternativo carioca que circulava no Brasil, entres os anos de 1978 e 1981, concomitante à “abertura” política do regime ditatorial brasileiro. Nesta exposição, pretende-se observar como o corpo e o desejo se dão na poética desses escritores/ escritoras até então ctônicos (Leila Míccolis, Franklin Jorge, Cassandra Rios, Renata Pallotini, Mário Faustino...) em meio a ditadura cis-hétero-militar (AFONSO-ROCHA, 2021), que escreviam, provavelmente, com a intenção de não desaparecer (FOUCAULT, 2015). Maingueneau (2006), pontua que a paratopia é um não lugar, sendo o enunciado literário um discurso constituinte que é validado por uma cena enunciativa – no caso dos autores/ autoras presentes na seção “literatura” do Lampião da Esquina, a ditadura é uma espécie de “ordem de discurso” que (in)valida as vivências dos sujeitos com sexualidades destoantes. E por meio da performatividade (BUTLER, 2023) esses escritores undergrounds destoam às normas regularizadoras em meio ao regime ditatorial e acabam por contribuir para a produção/ preservação de uma memória LGBTQIA+ do Brasil – haja vista que o advento do Lampião da Esquina ocorre no mesmo período de surgimento dos primeiros grupos organizados de gays/ lésbicas (Somos e Galf) em busca de seus direitos, enquanto cidadãos e cidadãs.