DEVIR E DESEJO EM VIDAS SECAS
DOI:
https://doi.org/10.20873.24e18Abstract
este artigo procura demonstrar, a partir da análise do romance Vidas secas, de Graciliano Ramos, e da consideração de sua fortuna crítica, que o vaqueiro Fabiano e sua família, personagens principais da obra, manifestam um devir-animal e vinculam-se ao que os filósofos Gilles Deleuze e Félix Guattari denominam como “concepção idealista do desejo”. Seguindo a maior parte da crítica, concordamos que esses traços mantém os personagens passivamente submetidos à opressão natural e social do ambiente, do qual só podem sair pela evasão. No entanto, argumentamos também (contra a posição hegemônica da crítica) pela existência de aspectos positivos no devir-animal dos personagens, que permite a eles resistirem ao ambiente inóspito da caatinga e, assim, criarem novas formas de existência. Por sua vez, isso supõe também uma outra relação com o desejo, que não é apenas de evasão, mas de intervenção na realidade, o que mobiliza os personagens para fora do ambiente da caatinga.
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