“Ser Tapuia é ser construtor do ser Tapuia” – Posturas sociolinguísticas decoloniais

Autores

  • Ana Elizabete Barreira Machado UFG

Resumo

Este artigo parte do pressuposto da Sociolinguística Crítica, de Calvet (2012), de que o objeto de estudo da linguística é a comunidade social sob seu aspecto linguístico. O Povo Tapuia é um dos povos indígenas de Goiás, remanescentes do Aldeamento Pedro III ou Carretão, que foi estabelecido em meados do século XVIII e depois abandonado pelo Estado brasileiro. Entretanto, os remanescentes, descendentes de Xavante, Kayapó, Karajá, negros e brancos, permaneceram no território e são hoje o Povo Tapuia do Carretão. Ao longo de todo o processo de demarcação de terras os Tapuia tiveram sua identidade indígena questionada por grupos externos, principalmente pelo fator linguístico, por serem considerados falantes de português. Entendemos que a imagem de controle (Collins, 2000) imposta aos indígenas brasileiros possibilita a manutenção da colonialidade (Quijano, 1992), inclusive na ciência. A questão problema é: num contexto de imposição da imagem de controle do indígena brasileiro, caracterizada também pela língua, o Povo Tapuia do Carretão responde (coletiva, consciente e politicamente) – a essas respostas chamamos posturas sociolinguísticas – desnaturalizando essas imagens de controle e criando novas formas de ser indígena e novas formas de saber língua. Nosso objetivo neste artigo é discutir as posturas sociolinguísticas do Povo Tapuia do Carretão diante da imagem de controle imposta a elas e eles, viabilizando o debate da decolonização da Sociolinguística. A metodologia é de interpretação de textos (Geertz, 2008), que compreendemos como localizados nos períodos quando essa imposição da imagem de controle foi exposta ao Tapuia.

Biografia do Autor

Ana Elizabete Barreira Machado, UFG

Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística da Universidade Federal de Goiás.

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Publicado

2018-04-25

Como Citar

Machado, A. E. B. (2018). “Ser Tapuia é ser construtor do ser Tapuia” – Posturas sociolinguísticas decoloniais. Porto Das Letras, 4(1), 155–173. Recuperado de https://sistemas.uft.edu.br/periodicos/index.php/portodasletras/article/view/5231