“Ser Tapuia é ser construtor do ser Tapuia” – Posturas sociolinguísticas decoloniais
Abstract
Este artigo parte do pressuposto da Sociolinguística Crítica, de Calvet (2012), de que o objeto de estudo da linguística é a comunidade social sob seu aspecto linguístico. O Povo Tapuia é um dos povos indígenas de Goiás, remanescentes do Aldeamento Pedro III ou Carretão, que foi estabelecido em meados do século XVIII e depois abandonado pelo Estado brasileiro. Entretanto, os remanescentes, descendentes de Xavante, Kayapó, Karajá, negros e brancos, permaneceram no território e são hoje o Povo Tapuia do Carretão. Ao longo de todo o processo de demarcação de terras os Tapuia tiveram sua identidade indígena questionada por grupos externos, principalmente pelo fator linguístico, por serem considerados falantes de português. Entendemos que a imagem de controle (Collins, 2000) imposta aos indígenas brasileiros possibilita a manutenção da colonialidade (Quijano, 1992), inclusive na ciência. A questão problema é: num contexto de imposição da imagem de controle do indígena brasileiro, caracterizada também pela língua, o Povo Tapuia do Carretão responde (coletiva, consciente e politicamente) – a essas respostas chamamos posturas sociolinguísticas – desnaturalizando essas imagens de controle e criando novas formas de ser indígena e novas formas de saber língua. Nosso objetivo neste artigo é discutir as posturas sociolinguísticas do Povo Tapuia do Carretão diante da imagem de controle imposta a elas e eles, viabilizando o debate da decolonização da Sociolinguística. A metodologia é de interpretação de textos (Geertz, 2008), que compreendemos como localizados nos períodos quando essa imposição da imagem de controle foi exposta ao Tapuia.
Downloads
Veröffentlicht
Zitationsvorschlag
Ausgabe
Rubrik
Lizenz
Os autores concordam com os termos da Declaração de Direito Autoral, que se aplicará a esta submissão caso seja publicada nesta revista (comentários ao editor podem ser incluídos a seguir).