“As mães negras não aguentam mais chorar”: violência policial e infâncias perdidas em “Zaíta esqueceu de guardar os brinquedos”, de Conceição Evaristo
DOI:
https://doi.org/10.20873.24.%20gifelc.03Resumo
A intersecção dos marcadores identitários de gênero, raça e classe impactam, de diferentes formas, e em diferentes níveis, as experiências de maternidade de mulheres negras, que exercem o seu maternar nos frágeis limites da vida e da morte. Na constante tensão entre o fazer nascer e não deixar morrer. A partir de uma perspectiva interseccional, este estudo objetiva analisar o conto “Zaíta esqueceu de guardar os brinquedos”, presente na obra Olhos d’água (2014), da escritora e teórica brasileira contemporânea Conceição Evaristo. A narrativa tem como ponto central a personagem Zaíta, e é marcada por um contraste vívido e mordaz entre a imagem da infância e a imagem da morte. Envolta por escassez, violência e discriminação, Zaíta surge como uma frágil e bela flor a desabrochar meio a uma cena de guerra. O medo de perder os filhos para a violência policial ou o tráfico na favela é, pois, um dos sentimentos inerentes à maternidade da personagem Benícia, mãe de Zaíta. Nesta análise, refletiremos, dentre outras coisas, como ser uma mãe negra periférica, mais do que gerar a vida, é lutar, dia após dia, contra a morte.
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