SER OU NÃO SER TREZE DE MAIO? A DISCUSSÃO SOBRE O PÓS-ABOLIÇÃO PELO ESCRITOR ASTOLFO MARQUES

Resumo

Este trabalho se dedica a estudar o conto “Ser treze” publicado em 1905 pelo escritor negro e maranhense Astolfo Marques (1876-1918). O conto reflete sobre o significado do 13 de maio de 1888 17 anos após a abolição. Nesse sentido, capta as diferentes percepções que a população negra teve sobre a data. Como não encontramos esse autor nos principais compêndios de literatura brasileira, a reflexão sobre o cenário pós-abolição no Brasil fica pouco complexa porque capitaneada por escritores que ou desconsideram a pluralidade da situação ou simplesmente acreditam que a abolição resultou na cidadania da população negra. Sem a voz de Astolfo Marques, essas interpretações sobre o pós-abolição se tornam hegemônicas, por isso é importante o estudo dos textos do escritor maranhense. A partir de sua obra, somos capazes de entender historicamente como a abolição foi interpretada no contexto de República no país. Observamos, nos personagens do conto, que alguns se negam a ser reconhecidos como libertos por decreto e outros defendem a necessidade de manter as festividades em relação à abolição. A situação nos faz pensar também no nosso próprio presente e nos sentidos diversos que a abolição ainda adquire em nossa sociedade.