A RELIGIÃO E O LUGAR SOCIAL DA MULHER NOS ROMANCES DE MIA COUTO: TERRA SONÂMBULA E A CONFISSÃO DA LEOA
DOI:
https://doi.org/10.20873.24.sl.16Resumo
Este trabalho explora a relação social das mulheres moçambicanas a partir da religiosidade e dos espaços marcados, arbitrariamente, pelo corpo feminino. A mulher de Moçambique representada nas obras Terra sonâmbula (1992) e A confissão da leoa (2012), de Mia Couto, retrata a subordinação feminina, inclusive durante o processo de independência do país, do qual participaram ativamente das lutas armadas. A sociedade moçambicana, influenciada pela colonização portuguesa, incorporou ao sujeito feminino responsabilidades que além de sobrecarregar, exclui as mulheres dos lugares mais privilegiados na vida social. A maternidade e as tarefas domésticas foram atribuídas às mulheres com auxílio da religião cristã imposta por Portugal. Birole (2018) trata das questões sobre as desigualdades de gênero nos trabalhos domésticos. Casimiro (2004) associa as exclusões da mulher moçambicana no mercado de trabalho às políticas do país que valorizam o núcleo familiar em que são submetidas as ordens patriarcais por meio das práticas culturais. Assim, em Farida, de Terra sonâmbula e Mariamar, de A confissão da leoa, discutiremos como a religião, as práticas culturais, a maternidade e os trabalhos domésticos sujeitam a existência feminina em Moçambique na modernidade.
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