NOS CAMINHOS DO DIGITAL, FORMAÇÕES DISCURSIVAS E(M) TECNODISCURSOS
UMA ANÁLISE DE POSTAGENS NO TWITTER SOBRE A LEGALIZAÇÃO DO ABORTO
Resumo
Neste texto discute-se a regularização do aborto a partir da observação de postagens veiculadas em perfis da rede Twitter sobre a derrubada da decisão conhecida como “Roe contra Wade”, pela Suprema Corte dos Estados Unidos, em junho de 2022. A partir de análises guiadas pelos pressupostos teóricos do tecnodiscurso (PAVEAU, 2021), entextualizações e indexicalidade (BAUMAN; BRIGGS, 1990); performatividade (AUSTIN, 1990) e formação discursiva (FOUCAULT, 2017), parte-se do pressuposto de que a regularização do aborto constitui-se como um objeto discursivo marcado por e circunscrito a campos internos e externos à linguagem. As análises aqui empreendidas apontam que nas postagens do Twitter têm sido entextualizados e indexicalizados discursos que agrupam formações discursivas, mantendo conflitos por meio da polarização discursiva em prol de sua verdade e um leitor sem criticidade, acaba produzindo e reproduzindo conteúdos e discursos de ódio sem perceber que as postagens o conduzem por recursos da rede que direcionam ações dos leitores, tais como a deslinearização e a relacionalidade.
Referências
ANJOS, Karla Ferraz et al. Aborto e saúde pública no Brasil: reflexões sob a perspectiva dos direitos humanos. Saúde em Debate, v. 37, n. 98, p. 504-515, jul/set 2013. Disponível em https://scielosp.org/pdf/sdeb/2013.v37n98/504-515/pt. Acesso em: 15 set. 2022.
AUSTIN, John. L. Quando dizer é fazer. Trad. de Danilo Marcondes de Souza Filho. / Porto Alegre: Artes Médicas: 1990. 136p.
BAUMAN, Richard; BRIGGS, Charles. Poética e Performance como perspectivas críticas sobre a linguagem e a vida social. Ilha: Revista de Antropologia, v. 8, n.1/2, 2006.
BAUMAN, Richard. Fundamentos da Performance. Revista Sociedade e Estado, v. 29, n. 3, 2014.
BLOMMAERT, J.; MALY, I. Ethnographic linguistic landscape analysis and social change: A case study. Tilburg papers in culture studies, Tilburg University, n.100, p.1-28, 2014.
BRASIL. Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Lei nº 8.069, 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Diário Oficial da União. Ano 1990, Disponível em: https://cutt.ly/yECVBmB. Acesso em: 24 set. 2022.
BUTLER, Judith. Discurso de ódio: uma política do performativo. São Paulo: Editora Unesp, 2021.
FOUCAULT, M. A ordem do discurso. São Paulo: Edições Loyola, 2006.
FOUCAULT, M. A arqueologia do saber. Tradução: Luiz Felipe Baeta Neves. 8ª ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2017[1969].
NININ, Maria Otilia Guimarães. Metodologia de pesquisa em Letras: guia de estudos. Lavras : UFLA, 2013. 97 p.
PAVEAU, Marie-Anne. A análise do discurso digital: dicionário das formas e das práticas. Organização da tradução Júlia Lourenço Costa e Roberto Leiser Baronas. 2021.
POR QUE ser contra o aborto é um compromisso cristão? O São Paulo, São Paulo, 17 set. 2021. Disponível em: https://osaopaulo.org.br/catequese/por-que-ser-contra-o-aborto-e-um-compromisso-cristao/ . Acesso em 23 set.2022.
TERRA, Bibiana. O debate sobre a descriminalização do aborto: Uma reflexão à luz de Ronald Dworkin. E-Civitas - Revista Científica do Curso de Direito do UNIBH – Belo Horizonte Volume XV, número 1, julho de 2022 –
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Os autores concordam com os termos da Declaração de Direito Autoral, que se aplicará a esta submissão caso seja publicada nesta revista (comentários ao editor podem ser incluídos a seguir).