Ser e Não Ser: Dialogismo e Polifonia em Os Sertões
Resumo
Em Os Sertões, de Euclides da Cunha, a tensão entre o objetivo de fazer justiça a Canudos e o vínculo às ideias da elite intelectual de seu tempo resultam numa obra complexa que, em seus 120 anos de publicação, nos mostra um Brasil extremamente contemporâneo. Neste estudo, buscamos entender como esta tensão se dá no nível do discurso, na inclusão e mobilização das vozes frequentemente contraditórias que compõem a representação da Guerra de Canudos, do sertão da Bahia e do sertanejo. Para isso, examinamos o dialogismo na obra, recorrendo às teorias elaboradas por Mikhail Bakhtin sobre dialogismo e, especialmente, sobre polifonia, entendida a partir de seus estudos sobre os romances de Dostoiévski. O principal objetivo é avaliar a suposta polifonia em Os Sertões, conjecturada por Walnice Nogueira Galvão no ensaio “Polifonia e paixão”, considerando que, como um conceito político e ideológico, discutir a polifonia em Os Sertões implica em pensar a obra dentro de seu contexto histórico.
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