ENTRE DISPERSÃO E UNIDADE DA ESCRITA DO RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM LÍNGUA PORTUGUESA

Resumo

A escrita de que tratamos envolve o jogo entre dispersão e unidade de sentidos, tendo por base o gesto de formulação. Assim, interessa-nos, mais de perto, o modo como a memória discursiva faz trabalhar esse jogo na escrita do relatório final do Estágio Supervisionado Curricular (ESC) em Língua Portuguesa, sob a perspectiva da Análise de Discurso pecheuxtiana e orlandiana. Para tanto, faz-se necessário olhar para as condições de produção da escrita do relatório e para as outras materialidades que a integram, como é o caso, por exemplo, das anotações de campo. Essas, por sua vez, estão implicadas em outras condições de produção. E, desse jogo de (re)formulações entre materialidades, é que estamos derivando o entendimento de que a estruturação da experiência passa a ganhar pontos da individuação do sujeito. As materialidades enfocadas referem-se: às anotações de campo de um estágio, quando da realização da etapa de observação e de regência em uma escola pública de Araguaína; e ao relatório final das atividades desse estágio em que essas anotações são (re)textualizadas. A partir de sete recortes discursivos, construímos o nosso trabalho de análise, jogando com o modo como a memória discursiva faz constituir pontos de dispersão e de unidade na escrita desse acadêmico. As análises mostram que a descrição e a avaliação da aula tanto nas anotações de campo quanto na escrita do relatório final, sob condições de produção específicas, evidenciam uma narratividade exitosa da prática da professora, justamente pelo fato de ela está filiada àquilo que apregoam os documentos oficiais.