Roteiros de pensamento
Gráficos existenciais e ideografia chinesa
DOI:
https://doi.org/10.20873/rpv8n3-96Palavras-chave:
Sistemas de escrita, Interculturalidade., Peirce, Iconicidade, LógicaResumo
Os caracteres tradicionais chineses compartilham com os gráficos existenciais de Peirce o fato de serem dotados de uma linguagem-objeto que eles descrevem por meio de uma sintaxe não linear e de forma icônica. Aqui, a iconicidade não se restringe às imagens e à semelhança perceptiva, pois os diagramas e as metáforas gráficas também são icônicos. Os gráficos são mostrados como uma fronteira entre a lógica tradicional ocidental e a escrita e cultura tradicionais chinesas, de modo que o écart (conceito de Jullien para distância cultural) entre caracteres e gráficos é preservado, embora os gráficos rompam com o preconceito ocidental em favor da convencionalidade em detrimento da iconicidade nos sistemas lógicos. A lição que fica para o estudo dos sistemas de escrita é substituir a dualidade oralidade-escrita pela interação entre oralidade, escrita e imagens, passando assim de uma tipologia linguística para uma semiótica.
Referências
ABBIATI, M. La lingua cinese. Venezia: Cafoscarina, 1992.
ABBIATI, M. La scrittura cinese nei secoli. Roma: Carocci, 2017.
BELLUCCI, F., MOKTEFI, A. and PIETARINEN, A.-V. Simplex sigillum veri: Peano, Frege, and Peirce on the Primitives of Logic, History and Philosophy of Logic, v. 39, n. 1, 2017, pp. 80-95.
BONTA, S. The Peircean Sign as a Model for Interpreting Semiotic Structures in Mandarin Chinese. Language and Semiotic Studies, v. 6, n. 1, 2020, pp. 1-30.
EISENSTEIN, S. The Cinematographic Principle and the Ideogram. Trans. J. Leyda, in: Film Form. New York: Harcourt, Brace & World Inc., 1949, pp. 28-44.
FARIAS, P. and QUEIROZ, J. Images, diagrams, and metaphors: Hypoicons in the context of Peirce's sixty-six-fold classification of signs. Semiotica, n. 162, 2006, pp. 287-307.
GRAHAM, A.C. Disputers of the Tao. La Salle: Open Court, 1989.
HAN, J. Chinese characters. Trans. W. Guozhen and Z. Ling, Beijing: China Intercontinental Press, 2009.
HARRIS, R. Rethinking Writing. London-New York: Continuum, 2000.
HJELMLSLEV, L. Prolegomena to a Theory of Language. Trans. F.J. Whitfield, Madison-Milwaukee-London: The University of Wisconsin Press, 1969.
JIRN, J.S. A Sort of European Hallucination: On Derrida’s “Chinese Prejudice”. Situations, v. 8, n. 2, 2015, pp. 67-83.
JULLIEN, F. L’écart et l’entre. Paris: Galilée, 2012.
JULLIEN, F. From Being to Living (De l’Être au Vivre): A Euro-Chinese Lexicon of Thought. Trans. M. Richardson and K. Fijalkowski, Los Angeles-London-New Delhi-Singapore-Washington DC-Melbourne: SAGE, 2020 (ebook edition).
LIU, S. A Semiotic and Cognitive Analysis of Chinese Iconic Signs. Chinese Semiotic Studies, v. 9, n. 1, 2013, pp. 143-159.
LOTMAN, J.M. “The Discrete Text and the Iconic Text: Remarks on the Structure of Narrative”. Trans. F. Pfotenhauer, New Literary History, v. 6, n. 2, 1975, pp. 333-338.
LOTMAN, J.M. Semiotics of Cinema. Trans. M.E. Suino, Ann Arbor: University of Michigan Press, 1976.
MENG, H. and GONG, X. The ‘Neutral’ – the Semiotic Paradigm of Sinogram. Signs and Media, v. 1, n. 1, 2020, pp. 71-91.
MILESI, L. Chinoiseries: Hallucinating Derrida Hallucinating China. The Oxford Literary Review, v. 40, n.1, 2018, pp. 95-107.
MOELLER, H.-G. Before and After Comparative Philosophy. Asian Studies, v. 10, n. 3, 2022, pp. 201-224.
MYERS, J. The Grammar of Chinese Characters. London-New York: Routledge, 2019.
NAKAMURA, K. Eisenstein as Japanologist. 東京工芸大学紀要, v. 12, n. 2, 1989, pp. 55-63.
OWEN, S. The Poetry of Du Fu. Boston-Berlin: de Gruyter Mouton, 2016.
PAE, H.K. Written languages, East-Asian scripts, and cross-linguistic influences. In: PAE, H.K. Writing Systems, Reading Processes, and Cross-Linguistic Influences. Amsterdam-Philadelphia: John Benjamins, 2018, pp. 1-21.
PEIRCE, C.S. The Essential Peirce: Volume 2. Indianapolis-Bloomington: Indiana University Press, 1998.
PEIRCE, C.S. Logic of the Future. Volume 2: Writings on Existential Graphs. Part 2: The 1903 Lowell Lectures. Ed. A.-V. Pietarinen, Boston-Berlin: de Gruyter Mouton, 2021.
PERRI, A. Dire o mostrare? L’immagine-testo azteca e i paradossi della pittografia-come-notazione. In: CHRISTIN, A.-M., BARBIERI, D., CATELLANI, A., PERRI, A. Immagini del testo. Per una semiotica dell’ideogramma. Urbino: Centro Internazionale di Semiotica e Linguistica, 2006, pp. 51-75.
PERRI, A. Trasposizione, segnale, metasemiotica (non scientifica). Spunti per una grafematica (post)hjelmsleviana e per una tipologia semiotica dei sistemi grafici. In: GALASSI, R., MORANDINA, B., ZORZELLA, C. Filosofia del linguaggio e semiotica. Vicenza: Terra Ferma, 2007, pp. 151-170.
ROGERS, H. Writing systems. Malden-Oxford-Victoria: Blackwell, 2005.
SHIM, H. A study of the cognitive function of Chinese characters based on the semiotics of writing. Journal of Chinese Writing Systems, v. 5, n. 1, 2021, pp. 31-41.
SHIN, S.-J. The iconic logic of Peirce’s graphs. Cambridge MA-London: MIT Press, 2002.
SINI, C. Ethics of Writing. Trans. S. Benso with B.S. Schroeder, Albany: SUNY, 2009.
TING, L., Towards a Semiotics of Chinese Characters. Signs and Media, v. 1, n. 2, 2022, pp. 111-141.
TANAKA-ISHII, K. and ISHII, Y. Icon, index, symbol and denotation, connotation, metasign. Semiotica, n. 166, 2007, pp. 393-407.
VALERI, V. La scrittura. Roma: Carocci, 2001.
VANDERMEERSCH, L. Les deux raisons de la pensée chinoise: divination et idéographie. Paris: Gallimard, 2013.
WAGNER, R. Interlocking Parallel Structure: Laozi and Wang Bi. Études Asiatiques, v. 34, n. 1, 1980, pp. 18-58.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Valerio Marconi
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Os autores que publicam com esta revista concordam com os seguintes termos:
1. Autores mantêm os direitos concedidos à revista ou o direito de primeira publicação com o trabalho licenciado à Atribuição de Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0) que permite o compartilhamento de trabalhos com reconhecimento de autoria e publicação inical nesta revista.
2. Autores têm permissão para aceitar contratos, distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (por exemplo, publicarem em repositório institucional ou como capítulo de livro) com reconhecimento de autoria e de publicação inicial nesta revista.
3. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir o seu trabalho on-line (por exemplo, em repositório institucional ou em sua página pessoal) com as devidas referências à revista.