Vol. 2 Núm. 2 (2022): DOSSIÊ - HUMANIDADES DIGITAIS, CULTURA POP E HISTÓRIA
Ao propor estudos sobre os usos das Tecnologias Digitais de Informação Comunicação no âmbito da Pesquisa Histórica, no Ensino de História, na Aprendizagem Histórica,assim como, seus impactos nas relações sociais, algumas questões devem ser colocadas em perspectivas, entre elas: a desigualdade social produtora da dificuldade de acessibilidade à Internet e aos suportes tecnológicos; a precariedade destes recursos encontrados em vários espaços escolares, culturais e sociais; e a falta de domínio metodológico por parte de historiadores e de professores de História. Entendemos que, muitas vezes, essas questões levam à rejeição aos usos das Tecnologias Digitais nos espaços de pesquisa e ensino.
Apesar dessas questões que, como sabemos, dificultam consideravelmente a inserção das tecnologias digitais, não podemos menosprezar seus impactos no dia a dia das pessoas. As TDIC moldam cada vez mais nossos estilos de vida e comportamentos. Frente à esses apontamentos, o Grupo de Pesquisa CNPq em Mídias, Tecnologias e História (MITECHIS) propõem esse dossiê para convidar pesquisadores que se dedicam as diversas possibilidades dos usos dos recursos da comunicação digital na Pesquisa Histórica e no Ensino de História, pois, segundo as conclusões de Nelson de Luca Pretto, a “formação de um novo ser humano, que viva plenamente esse mundo de comunicação, exige uma nova escola e um novo professor” (PRETTO, 1996, p. 15).
Este Dossiê, pretende se tornar um espaço para debater os usos de fontes digitalizadas na Pesquisa Histórica, assim como problematizar o Ensino de História/Educação Histórica wm diálogo com as TDIC. Entendemos que o professor/pesquisador pode utilizar os recursos digitais de diferentes formas, pois a sociedade atual não deve prescindir dos inúmeros recursos midiáticos e tecnológicos, porque toda ação e reflexão passa a ser volatilizada e, por isso, atomizada diante do mundo contemporâneo. Em se tratando das Humanidades Digitais (HDs), uma boa definição, entre muitas outras, a qual concordamos, é a de Brett Bobley, diretor do Escritório de Humanidades Digitais da National Endowment for the Humanities (NEH). De acordo com ele, “o termo [HDs] foi cunhado para definir a pesquisa que incorpora a tecnologia computacional a estudos em humanidades, mas também aquela que usa as humanidades para estudar a tecnologia digital e sua influência na sociedade e na cultura” (MARQUES, 2017, p. 19). No que se refere ao fenômeno da Cultura Pop e o acesso às plataformas digitais nos últimos anos será mais uma forma de entrar no diálogo sobre a pesquisa e ensino.
O presente Dossiê tem o objetivo de aceitar trabalhos que possam ampliar o debate referente às pesquisas dedicadas às diferentes mídias – digitais e analógicas – e suas interfaces históricas; provocar o debate sobre a história social da tecnologia, seus métodos, suas abordagens e suas fontes; problematizar os usos das tecnologias digitais e mídias digitais no processo ensino-aprendizagem de História; discutir sobre o campo das Humanidades Digitais e suas relações com a área de História; levantar questões sobre publicização dos conhecimentos históricos e das fake news nas redes sociais e mídias digitais; e discutir os impactos destas inovações tecnológicas entre as comunidades tradicionais, indígenas e/ou quilombolas. Ao realizar esta proposta, pretendemos ainda abrir a possibilidade de diálogos no âmbito da Pesquisa em História e no Ensino de História, em que os pesquisadores possam expor suas pesquisas concluídas ou em andamento e, assim, contribuir significativamente com o conhecimento científico.