REALIDADE E FICÇÃO EM A HORA DOS RUMINANTES

O REGIME MILITAR DE 1964 POR JOSÉ J. VEIGA

Autores

  • ANDREZA BRAGA MODESTO Universidade Federal do Paraná https://orcid.org/0000-0001-7813-5499
  • Patricia Marcondes de Barros Universidade Estadual de Londrina

DOI:

https://doi.org/10.20873.24.4023

Palavras-chave:

Literatura contemporânea, narrativa alegórica, ditadura militar

Resumo

Este artigo tem como objetivo analisar os recursos ficcionais utilizados na obra A hora dos ruminantes (2015), de José J. Veiga, para a discussão da contingência política no período da ditadura militar. Na referida narrativa, o romancista constrói uma rede de alegorias em que forasteiros e animais ameaçam uma bucólica cidade chamada Manarairema, subvertem o sistema estabelecido e provocam o sentimento de angústia nas personagens ao sentirem-se ameaçadas. O romance discute questões políticas e existenciais por meio de alegorias, explorando conceitos como a opressão, a divergência comunitária, os conflitos do homem com o mundo externo e seu mundo interior entrando em diálogo com o momento em que foi produzida, de ameaças obscuras e simbólicas advindas da repressão militar. Como eixo teórico metodológico desta discussão, utilizamos Agostinho Potenciano (1987), Regina Dalcastagnè (1996 e 2023), Victor Bravo (1985) para entender a escolha dos principais elementos ficcionais. Em um primeiro momento, analisaremos o contexto em que a obra foi produzida e, posteriormente, os elementos estéticos presentes, que de forma velada traduziram com maestria o momento vivido. 

Biografia do Autor

ANDREZA BRAGA MODESTO, Universidade Federal do Paraná

Doutoranda em Letras pela Universidade Federal do Paraná. Mestra em Estudos de Linguagens pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Especialista em Língua Portuguesa e Literatura (UTFPR-2022). Graduada em Letras (Habilitação em Língua Portuguesa) pela Universidade Federal do Pará (UFPA-2019). Professora de Língua Portuguesa, Literatura e Redação. Tem experiência na área de Letras com ênfase em Literatura Brasileira, atuando principalmente nos seguintes temas: literaturas modernas, interseção entre relato de viagem e escrita de diário, romance e fragmentação, espaços ficcionais, relações entre literatura e sociedade.

Patricia Marcondes de Barros, Universidade Estadual de Londrina

Graduada em Letras e História (Universidade Estadual de Londrina, UEL). Doutora em Estudos Literários (Universidade Estadual de Londrina, UEL). Doutora em História e Sociedade (Identidades Culturais, Etnicidades, Migrações) pela Universidade Estadual Paulista (UNESP, 2007), com trabalho sobre a imprensa alternativa de cunho underground, proliferada nos anos de ditadura militar. Mestre em História e Sociedade (Política: Ações e Representações), pela Universidade Estadual Paulista (UNESP/FAPESP, 2002) com trabalho sobre a imprensa alternativa no Brasil, tendo como eixo norteador, as obras do jornalista e escritor Luiz Carlos Maciel. Especialista em História Social, pela Universidade Estadual de Londrina (UEL,2000), com trabalho monográfico sobre identidade nacional e Tropicalismo. É autora do livro "Panis et Circenses": a ideia de nacionalidade no Movimento Tropicalista (EDUEL, 2000) e organizadora dos livros "Sol da Liberdade" (Editora Vieira Lent, 2014) de autoria do jornalista, roteirista de TV e filósofo, Luiz Carlos Maciel e Transas da Contracultura Brasileira (Editora Passagens, 2020). Participa no momento dos seguintes grupos de pesquisa: Cartografia de Poéticas Orais do Brasil: Coletivos Poéticos (Universidade Estadual de Londrina, UEL), ECOS - Estudos Contemporâneos de Mídia e Cultura (Departamento de Comunicação Social, Universidade Estadual do Centro Oeste, UNICENTRO) e GEPEHED - Grupo de Estudos e Pesquisas em Ensino, História e Educação (Departamento de História, Universidade Federal da Grande Dourados, UFGD) e Memorial Poético dos Anos de Chumbo (UFES-UEG-IFES). Atualmente, suas pesquisas abarcam a produção independente brasileira na década de 1970 (Cinema, Teatro, Literatura), a formação Docente na contemporaneidade e o Ensino de História e Linguagens. Realizou estágio Pós-Doutoral em Educação (Formação Docente), na Universidade Católica de Santos (PNPD/CAPES), em Estudos Literários (UFU, PNPD-CAPES) pela Universidade federal de Uberlândia e em Literatura, Cultura e Tradução pela Universidade Federal de Pelotas ( UFPEL, PNPD-CAPES).

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Publicado

2024-12-22

Como Citar

BRAGA MODESTO, A., & Marcondes de Barros, P. (2024). REALIDADE E FICÇÃO EM A HORA DOS RUMINANTES: O REGIME MILITAR DE 1964 POR JOSÉ J. VEIGA. Porto Das Letras, 10(3), 436–461. https://doi.org/10.20873.24.4023