Cronotopo de exílio, violência e solidão no romance pós-moderno: um estudo de Paisagem de porcelana, de Claudia Nina
DOI:
https://doi.org/10.20873.24.4029Resumen
Paisagem de porcelana (2014) traz como narradora-protagonista Helena, que deixa o Brasil para morar na Holanda, país no qual se percebe deslocada no cronotopo. Paralelamente a esse não-pertencimento, ela se envolve em um relacionamento abusivo que resulta em uma tentativa de feminicídio. Todos esses fatores e seu constante deslocamento corroboram para a desconstrução de sua identidade. Portanto, o objetivo deste trabalho é analisar a relação da personagem com os cronotopos urbanos pelos quais transita e nos quais, apesar de estar imersa na multidão como uma flâneur pós-moderna, não consegue criar laços, o que culmina em uma identidade em crise, assolada pelos sentimentos perturbadores de exílio e solidão. Para tanto, essa pesquisa se pautou nas contribuições teóricas acerca da construção identitária de Bauman (1998, 1999, 2001) e Hall (2011), nas reflexões de Said (2003) sobre deslocamento e exílio, de Augé (2012) acerca dos não-lugares e nas discussões de Bakhtin sobre o cronotopo.
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