A MELANCOLIA DIANTE DO ESPELHO PROVISÓRIO, DE OLGA SAVARY
DOI:
https://doi.org/10.20873.24210Resumen
A poesia de Olga Savary, obsessivamente investigada pelas vias do erotismo, neste trabalho, será pormenorizada sob óptica de um tema que, ao que parece, é indissociável de sua poética: a Melancolia. O livro Espelho Provisório (1970) segreda uma presença ausente inquietante, percebe-se que a falta é uma personagem ostensiva do livro. Esta investigação agarra-se a hipótese da projeção de imagens melancólicas na obra inaugural de Olga Savary, Espelho Provisório, enfatizando a presença/ausência amorosa como um dos temas predominantes no livro. A investigação encara os poemas “Mito”; “Medusa, um nome mágico (Um exorcismo)”; e “Abstrata”, três poemas sigilosos, e objetiva identificar a erupção de imagens da Melancolia como uma das linhas de força na obra. As aparições da spleenética, ora alegorizadas, ora manifestando audaciosamente temas indissociáveis do humor negro, perambulam pelo livro. Incansável, a poesia de Savary atém-se a uma gama imensurável de imagens que não se esgotam no teor saturnino, mas, como propõe este estudo, é um inegável tema e, talvez, o mais gritante. Nesse sentido, a complexidade imagética encontrada em apenas três poemas do livro esbarra em muitas faltas: entre elas, a falta de um olhar atencioso à poesia da paraense Olga Savary.
Palavras-chave: Olga Savary; Melancolia; Espelho provisório; Poesia paraense.
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