Mulheres quilombolas na lida com o ouriço e a roça nas florestas e rios amazônicos
Abstract
In the quilombola communities in/from the Amazonian areas of Vale do Guaporé-RO, collecting sea urchins, in the rainy months, is one of the activities that governs the family economy since the 19th century, in addition to work in the fields for planting cassava, coffee, beans, annatto, sugar cane and corn. A relationship of interdependence between social groups, through a credit/debt system called “toco” or barracão, which has been maintained since colonial times. With regard to work in the fields, the men are responsible for digging and the women for the work of whitewashing and cultivation of plantations. They were teachings received from their ancestors, governed by the cycles of forests and rivers, and passed on from generation to generation in the daily lives of families. It is possible to observe a division of labor despite women participating in all stages, from productive activities to those considered domestic, naturalized throughout history. In this perspective, this study investigates social relations between men and women, highlighting the division of labor as a central factor for the invisibility of women in the productive system dealing with the hedgehog and the garden. Three women and two men who were born and raised in quilombola communities in the Guaporé Valley (Pedras Negras and Porto Rolim) were heard, making a total of five narrators. The study dialogues with Bandeira (1988); Priore (2004); Hampaté Bâ (2010); Davis (2016); Perrot (2017); Kilomba (2019), among others. The results allowed an interpretation about female participation and power relations established between men and women in the Amazon Forest that, in one way or another, make up the framework of sexist construction since time immemorial and that can explain an asymmetrical relationship between the groups.
Keywords: Work relationships; Quilombola women; Guapore Valley.
References
BANDEIRA, Maria de Lourdes. Território negro em espaço branco. São Paulo: Brasiliense, 1988.
BENCHIMOL, Samuel. Amazônia: formação social e cultural. Manaus: Editora Valer / Editora da Universidade do Amazonas, 1999.
DAVIS, Angela. Mulheres, raça e classe. Tradução Heci Regina Candiani. São Paulo: Boitempo, 2016.
GOMES, Flávio dos Santos. Mocambos e quilombos: uma história do campesinato negro no Brasil. São Paulo: Claro Enigma, 2015.
HAMPATÉ BÂ, Amadou. A tradição viva. In: Ki-Zerbo. J. História geral da África: metodologia e Pré-história. São Paulo: Ática/UNESCO, 1982.
HIRATA, Helena; KERGOAT, Danièle. Atualidade da divisão sexual e centralidade do trabalho das mulheres. In: Revista de Ciências Sociais. N° 53, Junho/Dezembro de 2020, p. 22-34.
KILOMBA, Grada, 1968. Memórias da plantação: Episódios de racismo cotidiano. Tradução Jess Oliveira. Rio de Janeiro : Cobogó, 2019.
KOPENAWA, Davi; ALBERT, Davi. A queda do céu: palavras de um xamã yanomami. Tradução Betariz Perrone-Moisés. 1 ed. São Paulo : Companhia das Letras, 2015.
LE Goff, Jacques. História e Memória. Tradução Bernardo Leitão. 7ª ed. Revista – Campinas, SP: editora da Unicamp, 2013.
LUNARDELLI, Diego. Terror, Marfim e Borracha: imperialismo e resistência no Estado Livre do Congo (1879-1908). In: Revista Eletrônica Discente História.com, Cachoeira, v.5, n.10, p. 100-116, 2018.
MOURA, Clóvis. O racismo como arma ideológica de dominação. In: Revista Princípios. Edição 34, Ago/Set/Out, 1994, p. 28-38.
NASCIMENTO, Elisa Larkin. As civilizações africanas no mundo antigo. In: NASCIMENTO, E, L (Org.). A matriz africana no mundo. São Paulo: Selo negro, 2008.
PERROT, Michelle. Minha história das mulheres; tradução Angela M. S. Côrrea. São Paulo : Contexto, 2017.
PRIORE, Mary Del. História das mulheres no Brasil. (Org.) 7ª ed. São Paulo: Contexto, 2004.
SANTOS, R. A. de O. (1977). História econômica da Amazônia: 1800-1920 (Dissertação (Mestrado). Universidade de São Paulo, São Paulo.
SCHUMAHER, Schuma; VITAL BRAZIL, Érico. Mulheres negras do Brasil. Rio de Janeiro: Senac Nacional, 2007.
SOUZA, João José Veras de. Seringalidade: o estado da colonialidade na Amazônia e os condenados da floresta. Manaus: Valer, 2017.
TEIXEIRA; Marco Antônio Domingues; FONSECA, Dante Ribeiro da. História Regional: Rondônia. 2ª ed. Porto Velho: Rondoniana, 2001.
TORRES, Iraildes Caldas. O trabalho das agricultoras da Amazônia: um olhar para os direitos humanos. In: Revista Saberes da Amazônia: Ciências Jurídicas, Humanas e Sociais. Vol. 4. n.9 Julho-Dezembro, p. 115-132, 2019.
VOLPATO, Luiza Rios Ricci. Cativos do sertão: vida cotidiana e escravidão em Cuiabá em 1850 – 1888. São Paulo: Editora Marco Zero, 1993.
Downloads
Published
How to Cite
Issue
Section
License
Os autores concordam com os termos da Declaração de Direito Autoral, que se aplicará a esta submissão caso seja publicada nesta revista (comentários ao editor podem ser incluídos a seguir).