Poética e Filosofia – geleiras em fusão?
Por um dialogo radical entre Poética e Filosofia
Schlagworte:
Poética, Filosofia, Linguagem, PoesiaAbstract
Resumo: Entende-se que Poética e Filosofia são áreas fundamentalmente distintas. Emmanuel Carneiro Leão, em “A filosofia na idade da ciência”, ressalta as palavras de Nietzsche, em A gaia ciência, que a filosofia vive nas geleiras das altas montanhas, tendo por única companhia o monte vizinho, onde mora o poeta. Por que alçar essa assertiva ao caráter de questão? Por que repensar o lugar da Filosofia que, oriunda da Poética, fez um esforço fundamental de afastamento do poético? Neste ensaio, discutir-se-á o lugar da Poética e da Filosofia tendo por eixo condutor o modo como tematizam a Linguagem. O título articula duas questões: por um lado, a similitude de Poética e Filosofia, daí uma juntura das duas áreas; por outro, como estariam as geleiras do poeta e do filósofo (talvez o mesmo) em progressivo degelo, em virtude da supremacia científica e utilitária que marca a contemporaneidade. Trata-se de uma Poética em seu pleno vigor criativo, em que a poíesis desencadeia realidades como Linguagem; por outro lado, de uma Filosofia que se desprenda da metafísica e abraça sua negatividade: as questões, a ausência, o silêncio, a dinâmica da phýsis (já naturais para os poetas); por último, de uma Linguagem que não aceita ser reduzida à expressão humana, tampouco à representação do real: uma Linguagem que funda o real sendo real, que fundamenta o Ser sendo; essa Linguagem que, ao dizer, é radicalmente sempre poética – a mesma Linguagem com que se defrontam o poeta e o filósofo, de modo a colocar em suspeição, em última instância, os limites entre eles.
Palavras-chave: Poética; Filosofia; Linguagem; Poesia.
Abstract: It is said that Poetics and Philosophy are entirely distinct fields of study. Emmanuel Carneiro Leão, in “Philosophy in the scientific age”, points out Nietzsche’s thought in Gay Science that philosophy lives in the glaciers of high mountains, accompanied only by the neighbouring mountain, where the poet lives. Why should that relation be put into question? Why rethink the place of Philosophy, which, born out of Poetics, has made a decisive effort to distance itself from the poetic? In this essay, Poetics and Philosophy will be discussed by how they interpret Language. The title brings forth two questions: first, the proximity of Poetics and Philosophy, maybe even an agreement between them; second, how the poets’ and the philosophers’ glaciers (the same?) would be in progressive meltdown due to the scientific and utilitarian supremacy that distinguishes contemporaneity. Poetics is understood in its complete creative potential, in which poíesis unfolds realities as Language; on the other hand, Philosophy is freed from metaphysics and embraces its negativity: the open questions, the absence, the silence, the dinamics of phýsis (already familiar to poets); at last, it is about a Language that denies its reduction to human expression or representing reality: therefore, a Language that founds what is real, or Being presenting itself. Language that, in its saying, is radically and always poetic – the same Language that demands care from poets and philosophers, making their boundaries blur, ultimately.
Keywords: Poetics; Philosophy; Language; Poetry.
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