ECOPOÉTICA DO MUNTURO
MOVIMENTOS BIORREGIONAIS, ESTÉTICOS E ECOCRÍTICOS NA RELAÇÃO CORPO-TERRA EM MUNTURO, DE MÔ MOREIRA
DOI:
https://doi.org/10.20873.24.4030Schlagworte:
Ecopoética, Munturo, Ecocrítica, BiorregionalismoAbstract
Quando corpo e terra imbricam-se no plano da linguagem, insurge uma outra margem, um entremeio poético que tensiona os fios da produção estética, a qual dilui as fronteiras da oposição homem versus natureza, em favor da construção de uma relação aberta humanidade-natureza. É em busca desse entrelugar, nas suas tensões e veredas, que este artigo se constitui, com o objetivo de analisar o romance Munturo (2022), da professora e escritora baiana Mô Moreira, a fim de discutir os movimentos biorregionais, estéticos e ecocríticos que emergem da relação corpo-terra no semiárido baiano, construídos pela narradora mediante a tessitura das personagens em um intrigante mosaico narrativo. Para tanto, a revisão de literatura é utilizada como metodologia, pondo em diálogo autores como: Kirkpatrick Sale (2020), Xavier Garnier (2022), Evando Nascimento (2021), Antônio Bispo dos Santos (Nego Bispo) (2023), Malcom Ferdinand (2022), entre outros, os quais discutem o biorregionalismo, a literatura e suas mobilizações estéticas, ecocríticas e ecopoéticas. No romance analisado, faz-se perceptível as tensões do capitalismo e neoliberalismo nos territórios semiáridos baianos e brasileiros, as quais submetem humanos e não-humanos, comunidades e ecologias a desterritorializações, sob as premissas violentas de “desenvolvimento” e “progresso”. Mô Moreira inscreve na linguagem literária, e por meio dela, o que aqui chamo de ecopoética do munturo, um amontoado de corpos que insurgem contra as violências coloniais, concomitantemente, atravessados pela poética da terra, por assim dizer, da vida.
Literaturhinweise
ALBUQUERQUE JÚNIOR, D. M. de. A invenção do nordeste e outras artes. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2011.
BISPO DOS SANTOS, A. A terra dá, a terra quer. São Paulo: Ubu Editora / Piseagrama, 2023.
COSTA, S. L.; XUCURU-KARIRI, R. (orgs.). Cartas para o bem viver. Salvador: Boto-cor-de-rosa livros arte e café / paraLeLo13S, 2020.
FERDINAND, M. Uma ecologia decolonial: pensar a partir do mundo caribenho. São Paulo: Ubu Editora, 2022.
GARNIER, X. “Introduction générale”, “Conclusion”. In: GARNIER, X. Écopoétiques africaines: Une expérience décoloniale des lieux. Paris, Karthala, coleção Lettres du Sud, 2022, p. 8-18, 255-256 e 258-259 (Tradução própria de Luciano Brito, 2023, p. 1-11).
MEDEIROS, R. G. Mundo quase-árido. In: DANOWSKI. Déborah; SALDANHA, Rafael; VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo (orgs.). Os mil nomes de Gaia: Do Antropoceno à Idade da Terra. Rio de Janeiro, Machado, 2022, p. 319-334.
MOREIRA, M. (Gislene Moreira). Munturo. Palmeiras: Publicação independente, 2022.
NASCIMENTO, E. O pensamento vegetal: a literatura e as plantas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2021.
SALE, K. “Préface de l’auteur à l’édition française”, “Préface de l’auteur à l’édition américaine”, “Chapitre 4. L’art d’habiter la Terre”. In: SALE, K. L’Art d’habiter la terre: La vision biorégionale. Trad. Mathias Rollot e Alice Weil. Marselha: Wildproject, 2020, p. 27-28, 29-30 e 75-86 (Tradução própria de Luciano Brito, 2023, p. 1-12).
Downloads
Veröffentlicht
Zitationsvorschlag
Ausgabe
Rubrik
Lizenz
Os autores concordam com os termos da Declaração de Direito Autoral, que se aplicará a esta submissão caso seja publicada nesta revista (comentários ao editor podem ser incluídos a seguir).