Sob os pés dela: cartografia e espaço gendrado em Quarenta dias, de Maria Valéria Rezende
DOI:
https://doi.org/10.20873.24.%20gifelc.08Resumo
Em Quarenta Dias, de Maria Valéria Rezende, conhecemos Alice uma professora de línguas que, após passar por um profundo trauma, resolve ir morar nas ruas de Porto Alegre. Percorrendo os espaços marginalizados da cidade em busca do filho de outra mulher, o que ela encontra é a gestação de si mesma. Aqui, a ocupação dos espaços, os caminhos percorridos e as apropriações da cidade para construir cartografias de pertencimento e identidade revelam um processo de autoconhecimento e quarentena. Nos interessa, nesse artigo, entender as enunciações discursivas circunscritas no texto tecido a partir do confronto do corpo com a cidade e nas relações que a protagonista estabelece. Corpo-texto, cidade-corpo, corpo-palavra revelam que despois de cair sozinha na toca do coelho, a protagonista só consegue emergir a partir das mãos de tantas outras que a acolhem. Tendo norte de pesquisa o arcabouço teórico de estudiosos como Marc Augé, Michel de Certeau, Doreen Massey, Kathryn Woodward e tantos outros, percorremos também essas apropriações e sentidos.
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