INTERMIDIALIDADE, ESTUDOS ANIMAIS E ECOFEMINISMO:

UMA ANÁLISE DO DEVIR-PORCO EM LAVAGEM (2015), DE SHIKO

Resumo

O porco é um animal cuja representação carrega consigo múltiplas interpretações de acordo com as culturas e contextos onde está inserido. Presente na literatura, no cinema e em outros tipos de mídias, o porco, ora representado iconicamente ou antropomorfizado, é comumente utilizado para aludir a complexidade do “ser humano” enquanto “indivíduo” ou “tornar-se”. No presente artigo, a partir dos Estudos Animais e do ecofeminismo, realizamos uma análise da narrativa gráfica Lavagem (2015), de Shiko, e o simbolismo em torno do porco. Antes, nos apropriamos dos estudos de Intermidialidade para compreendermos quais elementos devemos analisar em um tipo de mídia como esse. Ao final, concluímos que a protagonista da história, em meio ao ambiente manguezal onde vive, vê os homens como porcos no sentido de serem tão imundos quanto. Nesse zoomorfismo, Lavagem (2015) se torna uma alegoria à violência doméstica a qual é potencializada pela miséria do ambiente do mangue onde vivem.