GÊNERO E RAÇA NA COMUNICAÇÃO DE MARCAS: A dimensão política do consumo sob uma perspectiva interseccional

Autores

DOI:

https://doi.org/10.20873/uft.2447-4266.2019v5n5p855

Palavras-chave:

Identidade, Consumo, Interseccionalidade, Racismo, Feminismo Negro

Resumo

Este artigo analisa a comunicação de marcas que comercializam produtos para cabelos cacheados e crespos em comemoração ao Dia Internacional da Mulher e Dia da Consciência Negra em 2018. Baseados na origem das duas datas, estudamos as dimensões políticas do consumo, a partir de uma perspectiva interseccional entre gênero e raça. A análise semiótica de posts no Facebook de três marcas brasileiras discute a constituição da identidade das mulheres negras, seu lugar na sociedade, assim como empoderamento e consumo na contemporaneidade, em um país sexista e racista. Verificamos como as interseccionalidades são abordadas (ou apagadas), em um cenário que visa inserir negros nos discursos publicitários.

 

PALAVRAS-CHAVE: Identidade; Consumo; Interseccionalidade; Racismo; Feminismo Negro.

 

 

ABSTRACT

This article analyses the communication of brands that market products for curly and afro hair in celebration of International Women's Day and Black Awareness Day in 2018. Based in the origin of the two dates, we studied the political dimensions of consumerism, from an intersectional perspective between gender and race. The semiotic analysis of posts on Facebook of three Brazilian brands discusses the identity constitution of black women, their place in society, as well the empowerment and consumption in the contemporary, in a sexist and racist country. We verify how intersectionalities are approached (or erased), in a scenario that aims to insert black people in advertising discourses.

 

KEYWORDS: Identity; Consumerism; Intersectionality; Racism; Black Feminism.

 

 

RESUMEN

Este artículo analiza la comunicación de marcas que venden productos para el cabello crespo y rizado en celebración del Día Internacional de la Mujer y el Día de la Conciencia Negra en 2018. Basados en el origen de las dos fechas, estudiamos las dimensiones políticas del consumo desde una perspectiva interseccional entre género y raza. El análisis semiótico de las publicaciones en Facebook de tres marcas brasileñas estudia la constitución de la identidad de las mujeres negras, su lugar en la sociedad, así como el empoderamiento y el consumo en los tiempos contemporáneos, en un país sexista y racista. Verificamos cómo se abordan (o borran) la interseccionalidad, en un escenario que apunta a insertar negros en los discursos publicitarios.

 

PALABRAS CLAVE: Identidad; Consumen; Interseccionalidad; Racismo; Feminismo Negro.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Pablo Moreno Fernandes Viana, PUC Minas

Doutor em Ciências da Comunicação pela ECA-USP, Mestre em Comunicação Social pela PUC Minas, Publicitário pelo Centro Universitário Newton Paiva. Professor do Programa de Pós-graduação em Comunicação Social da PUC Minas. E-mail: pablomoreno@gmail.com. 

Dalila Maria Musa Belmiro, PUC Minas

Mestre em Comunicação Social pela PUC Minas, Publicitárias pela PUC Minas. Professora do Departamento de Comunicação Social da PUC Minas. E-mail: dalilahelvetica@gmail.com. 

Referências

AGUIAR, Neuma. Patriarcado, sociedade e patrimonialismo. Sociedade e Estado. Brasília, v. 15, n. 2, p. 303-330, Dez. 2000. Disponível em: << https://bit.ly/2XqkKmi >>. Acesso em: 4 jul. 2019.

ALMEIDA, Silvio. O que é racismo estrutural?. Belo Horizonte: Letramento, 2018.

ALVES, Soraia. Cannes Lions 2019 comprova: quem lacra, lucra sim. B9 Conteúdo e Mídia, Criatividade. Disponível em: << https://bit.ly/3052CQC>>. São Paulo, 2019. Acesso em 02 ju. 2019.

BANET-WEISER, Sarah; LAPSANSKY, Charlotte. RED is the New Black : Brand Culture , Consumer Citizenship and Political Possibility. Journal of Communication. Journal of Communication. Califórnia, n. 2, p. 1248-1268. 2008. Disponível em: <<https://bit.ly/2XEeJHL>>. Acesso em 2 jul. 2019.

BERTH, Joice. O que é empoderamento?. Belo Horizonte: Letramento, 2018.

BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.

CANCLINI, Néstor Garcia. Consumidores e cidadãos: conflitos multiculturais da globalização. 8. ed. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 2008.

CARNEIRO, Sueli. Racismo, sexismo e desigualdade no Brasil. São Paulo: Selo Negro, 2011.

CARVALHO, Vicente. ‘Teste de imagens’ com profissionais de RH mostra que racismo institucional existe SIM. Razões para acreditar, 2019. Disponível em: <<https://bit.ly/2JsgO0v>>. Acesso em 21 jun. 2019.

CASAQUI, Vander. História da propaganda brasileira: dos fatos à linguagem. In: PEREZ, Clotilde e; BARBOSA, Ivan Santo (Orgs.) Hiperpublicidade: fundamentos e interfaces. v.1. São Paulo: Thomsom Learning, 2007. p. 51-90.

CASTELLS, Manuel. O poder da identidade. 6. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2008.

CRENSHAW, Kimberlé. Mapping the margins: intersectionality, identity, politics and violence against women of color. Stanford Law Review, Stanford, v. 43, p. 1241-99, 1991.

CRENSHAW, Kimberlé. A interseccionalidade na discriminação de raça e gênero. IN: VV.AA. Cruzamento: raça e gênero. Brasília: Unifem, 2004. Disponível em: << https://bit.ly/25YkehZ >>. Acesso em: 20 fev. de 2019

CRENSHAW, Kimberlé. Documento para o encontro de especialistas em aspectos da discriminação racial relativos ao gênero. Revista Estudos Feministas. v. 10. n. 1. p. 171-188. Florianópolis, 2002.

DAVIS, Angela. Mulheres, Raça e Classe. São Paulo: Boitempo Editorial, 2016

DI NALLO, Egeria. Meeting points: soluções de marketing para uma sociedade complexa. São Paulo: Cobra, 1999.

DIOGO, R. Mídia e racismo: ensaios. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2014.

ENDRES, Kyle & Panagopoulos, Costa. Boycotts, buycotts, and political consumerism in America. Research and Politics, v. 4, n. 4. nov. 2017. Disponível em: << https://bit.ly/30m0Niq>>. Acesso em: 30 jun. 2019

FREYRE, Gilberto. O escravo nos anúncios de jornais brasileiros do século XIX. São Paulo: Global Editora, 2012.

GONZALEZ, Lélia. Racismo e sexismo na cultura brasileira. In: SILVA, L. A. et al. Movimentos sociais urbanos, minorias e outros estudos. Ciências Sociais Hoje, Brasília, ANPOCS n. 2, p. 223-244, 1983.

HALL, Stuart. Identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2001.

HALL, Stuart. Quem precisa da Identidade? IN: SILVA, T. Identidade e diferença: A perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis: Vozes, 2000.

hooks, bell. O feminismo é para todo mundo. Rio de Janeiro: Rosa dos tempos, 2019.

IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua. Características Gerais dos domicílios e dos moradores 2018. Rio de Janeiro: IBGE, 2018. Disponível em: << https://bit.ly/2xisxYM>>. Acesso em: 27 abr. 2019.

KILOMBA, Grada. Plantation memories: episodes of everyday racism. Berlim: Unrast, 2008.

MARTINS, Carlos Augusto de Miranda e. Negro, publicidade e o ideal de branqueamento da sociedade brasileira. Rumores, v. 3, n. 5, 8 ago. 2009.

MARTINS, Carlos Augusto de Miranda e. O mercado consumidor brasileiro e o negro na publicidade. GV Executivo. São Paulo, v. 14, p. 42, 2015.

MCCRACKEN, Grant. Cultura & consumo: novas abordagens ao caráter simbólico dos bens e das atividades de consumo. Rio de Janeiro: Mauad, 2010.

MONSMA, Karl. Racialização, racismo e mudança: um ensaio teórico, com exemplos da pós-abolição paulista. Anais do XXVII Simpósio Nacional de História. Natal: ANPUH, 2013.

NASCIMENTO, Elisa Larkin. O sortilégio da cor: Identidade, raça e gênero no Brasil. São Paulo: Selo Negro Edições, 2003.

NASCIMENTO, Giovana Xavier da Conceição. Os perigos dos negros brancos: cultura mulata, classe e beleza eugênica no pós-emancipação (EUA, 1900-1920). Revista brasileira de história. v. 35, n. 69, p. 155-176. São Paulo, 2015.

NOGUEIRA, Oracy. Preconceito racial de marca e preconceito racial de origem. Tempo Social, revista de sociologia da USP, v. 19, n. 1. p. 287-308. São Paulo, 2007.

PEIRCE, Charles Sanders. Collected Papers of Charles Sanders Peirce. Cambridge: Harvard University Press, 1931.

PEREZ, Clotilde. O fim do target. Vida Simples, São Paulo, p. 47 - 48, 30 nov. 2009.

PEREZ, Clotilde. Signos da marca: expressividade e sensorialidade. São Paulo: Thomson, 2017.

PROPMARK. ‘Anúncios com causa’ geram maior engajamento. Propmark. 26 jul. 2017. Disponível em: http://propmark.com.br/mercado/anuncios-com-causas-geram-maior-engajamento. Acesso em 01 fev. 2019.

RIBEIRO, Alan Augusto Moraes; FAUSTINO, Deivison Mendes. Negro tema, negro vida, negro drama: estudos sobre masculinidades negras na diáspora. Transversos: Revista de História. n. 10, 2017. Rio de Janeiro.

RIBEIRO, Djamila. O que é lugar de fala?. Belo Horizonte: Letramento, 2017.

SANTAELLA, Lucia. O que é semiótica. 6. ed. São Paulo: Brasiliense, 1988. 114p.

SANTAELLA, Lucia. Semiótica aplicada. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, Cengage Learning, 2018.

SANTOS, Nádia Regina Braga dos. Do black power ao crespo: A construção da identidade negra através do cabelo. (Trabalho de conclusão de Curso) Especialização em Mídia, Informação e Cultura. Universidade de São Paulo. São Paulo: USP. 2015. Disponível em: << https://bit.ly/2YtKUG2>>. Acesso em 4 abr. 2019.

SARDENBERG, Cecilia M. B. Liberal vs Liberating Empowerment: Conceptualising Women’s Empowerment from a Latin American Feminist Perspective. Brighton: IDS: Pathways of Women’s Empowerment, Pathways Working Paper 7, jul. 2009.

SODRÉ, Muniz. Claros e escuros: Identidade, Povo e Mídia e cotas no Brasil. Petrópolis, RJ: Vozes, 2015.

STOLLE, Dietlind; HOOGHE, Marc; MICHELETTI, Michele. Politics in the Supermarket: Political Consumerism as a Form of Political Participation. International Political Science Review. jul. 2005. v. 26, n. 3, p. 245–69.

TRINDADE, Eneus. Propaganda, identidade e discurso: brasilidades midiáticas. Porto Alegre: Sulina, 2012.

TRUTH, Sojourner. E não sou eu uma mulher? Ohio, Estados Unidos, 1851. Tradução: PINHO, O., Disponível em: https://www.geledes.org.br/e-nao-sou-uma-mulher-sojourner-truth/ Acesso em: 18 mai. 2019.

WOODWARD, Kathryn. Identidade e diferença: uma introdução teórica e conceitual. IN: SILVA, T. Identidade e diferença: A perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis: Vozes, 2000.

Downloads

Publicado

2019-08-01

Como Citar

FERNANDES VIANA, Pablo Moreno; MUSA BELMIRO, Dalila Maria. GÊNERO E RAÇA NA COMUNICAÇÃO DE MARCAS: A dimensão política do consumo sob uma perspectiva interseccional. Revista Observatório , [S. l.], v. 5, n. 5, p. 855–889, 2019. DOI: 10.20873/uft.2447-4266.2019v5n5p855. Disponível em: https://sistemas.uft.edu.br/periodicos/index.php/observatorio/article/view/7166. Acesso em: 24 abr. 2024.