ENTRE A TRADIÇÃO E A TRAIÇÃO
A arte como um caminho de conhecimento e criação
Resumo
Este artigo busca, por meio de narrativas, histórias de vida e literatura, refletir sobre caminhos que possibilitem e favoreçam a criação e a construção de conhecimento, promovendo um contato com a arte. As histórias serão mediadoras da escrita, em busca de um espaço que possibilite o fazer artístico, a reflexão, o encontro consigo mesmo e com o outro, com a nossa cultura. Intenta debater o desdobramento das experiências e vivências entre a tradição e a traição a um status quo asfixiante, para que possam se constituir em caminhos de conhecimento e criação. Alguns interlocutores me acompanham nesse percurso, em especial Amós Oz, escritor israelense (1939-2018), e seu livro De repente, nas profundezas do bosque, e Donald Woods Winnicott (1896-1971), pediatra e psicanalista inglês, que, em seus estudos, procurou refletir sobre as influências do ambiente e sobre a importância da criatividade no desenvolvimento humano – o que inclui a análise de relações intersubjetivas na família e na escola – contribuindo para ampliar a discussão sobre arte, cultura e conhecimento. As indagações e reflexões aqui levantadas nascem do conjunto de experiências que visam buscar novos olhares que contemplem o inter-relacionamento e a posição estruturante do outro no desenvolvimento humano e na constituição da experiência cultural. Nessa caminhada, em que tradição e traição se apresentam na sua relação irredutível, indissociável e complementar, a fábula de Amós Oz se organiza como fio condutor da argumentação. A experiência vivida por mim como autora e artista educadora, conjuntamente com o apoio teórico, formam o eixo fundamental dessa reflexão.