DIFERENÇA E CRIAÇÃO NO ENCONTRO ENTRE PROFESSORES E ALUNOS
Resumo
Neste texto, compartilho construções de pensamento forjadas na minha experiência como musicista e educadora musical e que foram ampliadas pelas pesquisas realizadas no mestrado (UNICAMP, 2011) e doutorado (UNICAMP, 2017). Um conjunto de entrevistas realizadas com ex-alunos da Escola Municipal de Iniciação Artística (EMIA - SP), instituição que pertence à Secretaria de Cultura da Prefeitura de São Paulo e tem como proposta a iniciação de seus alunos às linguagens das artes visuais, dança, música e teatro de maneira integrada, constituiu o material de pesquisa da minha tese de doutorado. Nessa pesquisa, me propus a investigar a ressonância da experiência vivida na escola no decorrer da vida dos ex-alunos, a atuação da memória como dispositivo de ressignificação e a potência da iniciação artística como campo propício às práticas do cuidado de si – noção que atravessou a cultura e a filosofia greco-romana por um período de longa duração e foi retomada por Michel Foucault nos seus últimos trabalhos. A abordagem cartográfica, referenciada no conceito de cartografia de Gilles Deleuze e Félix Guattari ofereceu-me a principal orientação metodológica. Na escrita deste artigo, retomei a pesquisa, enfatizando, porém, como motivo e inspiração a noção da diferença como potência - ideia que atravessa o conjunto da obra de Deleuze. Afetada por esse motivo, a abordagem discute a memória como criação, as especificidades e a integração entre linguagens artísticas, e a relevância de pensarmos as relações entre os processos criativos artísticos e a dimensão existencial da vida, que implicam na composição de uma estética da existência (Foucault, 2010).