O DRAMA SATÍRICO
o gênero menos conhecido, mas mais divertido do teatro grego
Resumo
Com este texto temos o objetivo de familiarizar o leitor com o drama satírico, gênero pouco conhecido do antigo teatro grego devido à escassez de fontes sobreviventes, mas famoso no século V a.C., quando era apresentado em concursos teatrais das Grandes Dionísias. Sua característica mais evidente, que o diferencia dos outros gêneros da época, é a presença de Sileno e seus filhos, os sátiros, que formam o coro da peça, e são representados como seres metade-homem metade-animal (geralmente bode com rabos de cavalo) com falos eretos animalescos. Essas criaturas são as responsáveis pela comicidade e também pelo caráter sagrado do gênero, pois, como participam do séquito de Dioniso, são representantes do deus dentro da peça. O texto mais completo do gênero é o Ciclope de Eurípides, cujo enredo coincide com o canto IX da Odisseia, mas com Sileno e o coro de sátiros. Portanto usamos essa peça e os estudos de Richard Seaford (1984) para entendermos a estrutura do drama satírico, comparando-a à estrutura da tragédia, a partir da teoria aristotélica da Poética. A fim de adentrarmos nas possibilidades dramatúrgicas, acolhemos a pesquisa de Anthony Stevens (2012), que enfatiza a dança dos sátiros. Depois, preocupamo-nos em explicar a origem do drama satírico, a sua função nas tetralogias e festivais, sua importância religiosa, além das características distintivas em relação aos outros gêneros. Finalmente, mostramos que, apesar do pouco conhecimento que se tem sobre o drama satírico, ele é um gênero relevante para as festas e rituais atenienses e até mesmo mais divertido que a comédia.